De: Armando A. Alves - "Usos e abusos do Parque da Cidade"

Submetido por taf em Terça, 2009-06-02 00:21

Lixo no Parque da Cidade

Lixo no Parque da Cidade


Na Sexta-feira passada dia 29 de Maio teve lugar no Parque da Cidade, mais precisamente na zona do vale perto do lago mais próximo da praia, um evento que reuniu perto de 30.000 crianças estudantes de Religião e Moral, segundo fonte oficial do Parque da Cidade. O impacte era ainda visível 24h depois de terminar o evento com enormes quantidades de resíduos, principalmente provenientes de caixas de gelados e embalagens de água, sumos, refrigerantes e batatas fritas, depositados aleatoriamente no relvado do Parque e perto dos caixotes de lixo completamente sobrelotados. Sábado por volta 18h registei fotograficamente o sucedido, no Domingo às 17h o lixo continuava espalhado pelo PC. Fui informado que não houve indicação por parte da CMP para haver uma acção de limpeza extraordinária na sexta-feira nem no fim-de-semana. Era como se não se passasse nada, mas o lixo lá estava (e não era pouco) para todos verem!

Segundo o que foi possível apurar até ao momento o referido evento decorre anualmente no PC, portanto seria de esperar que a Câmara Municipal do Porto (CMP), ao aceitar e ao ter conhecimento desta actividade, implementasse as devidas medidas de limpeza e higiene de modo a proteger os valores e a qualidade que o Parque habitualmente proporciona a todos os seus visitantes. Era claro que não iria ser uma sexta-feira qualquer porque, por muitos visitantes que o Parque tenha diariamente, muito dificilmente tem 30.000 crianças concentradas no mesmo local a consumir gelados e refrigerantes.

A questão que me incomoda não é o facto de o PC ser pontualmente palco de actividades que nada têm a ver com os objectivos para o qual foi construído, entendo que o usufruto do espaço público verde é de importância fundamental para que os cidadãos se sintam mais próximos das estruturas que compõem a cidade, poderia dar o exemplo de Serralves em Festa que decorreu este fim-de-semana e usou os Jardins de Serralves como palco de actividades culturais e artísticas. O problema está no abuso do seu uso. Na completa desresponsabilização dos intervenientes, entenda-se a CMP e a tal associação da disciplina de Religião e Moral promotora deste evento, que deixaram o PC num estado de semi-lixeira a céu aberto, num completo abandono das regras mais elementares de cidadania como o primordial e vulgar “não deitar lixo para o chão”. Pergunto: mas então o PC até tem uns cartazes sobre as regras a cumprir quando passeamos os nossos amigos de quatro patas, sei que também não posso acampar, nem fazer fogo, nem arrancar árvores nem arbustos, nem incomodar os animais residentes no Parque, nem fazer lixo… mas então se formos uns milhares a fazer lixo já podemos? Já ganha impunidade contra as regras porque passa a ser uma “actividade” que decorreu? Sinceramente não entendo o que andam a gerir os responsáveis do Parque da Cidade se não o próprio Parque. Muito provavelmente vão falar na crise e na falta de fundos para recrutar pessoal de limpeza em horas extraordinárias… Afinal de contas agora falar na crise tornou-se na conversa do dia e tem as costas bem largas... A esses que falam em custos respondo que se existem verbas para as corridas de automóveis (têm também as costas largas) também deveria haver verbas para a manutenção de espaços verdes. Concluo que os únicos visitantes do Parque que gostaram dos relvados carregados de lixo foram as dezenas de gaivotas que prontamente apareceram.

Armando A. Alves

Lixo no Parque da Cidade

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Lixo no Parque da Cidade

Lixo no Parque da Cidade

Lixo no Parque da Cidade

Lixo no Parque da Cidade

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