De: F. Rocha Antunes - "Excepções e regras"
Meus Caros,
A gestão de uma cidade é feita de regras e das excepções que se justifiquem, desde que devidamente explicadas e sensatas. Hoje acho que há faltas de sensatez numa excepção que mobiliza milhares de pessoas mas que prejudica outros tantos milhares, o cortejo da Queima das Fitas.
São dez e meia da noite e na Rua da Restauração, junto ao Hospital de Santo António, estão uns reboques com aparelhagem sonora aos berros, que buzinam como se estivessem numa autoestrada naquilo que presumo seja uma tentativa de marcar o ritmo por parte de algum futuro licenciado mais alcoolizado; os restantes colegas foram jantar que a esta hora nem eles aguentam a coisa, e o barulho, que se justificaria em nome de uma qualquer tradição com pouco mais de 15 anos, apenas fica para incomodar os moradores (que não interessam nada nestas coisas) e os doentes do Hospital. Todos entendemos que há excepções, e o S. João é a maior de todas, mas não se está a exagerar? Será que não há ninguém que explique aos senhores que negoceiam a cerveja que os colegas vão beber que as regras do ruído, ao menos junto de um Hospital central, têm de ser cumpridas?
Eu fui educado a não buzinar nas imediações de um hospital e faz-me confusão esta falta de respeito pelo repouso de quem está a precisar dele. Nem os próprios já lá estão para fazer seja lá o que é suposto fazerem ao som de músicas que celebram uma família qualquer de Coina, pelo pouco que percebo da distorção dos decibéis das aparelhagens. No dia em que ficámos a saber, e bem, que as obras não podem ser feitas senão até às 18h00 horas dos dias úteis por causa do ruído que causam, é possível estar um centro de uma cidade parado, num dia de trabalho, até às tantas da noite, com este ruído ensurdecedor fazendo mal a quem está doente num hospital central. Não percebo.
Francisco Rocha Antunes
Gestor de Promoção Imobiliária