De: Alexandre Burmester - "Mais umas eleições. Mais uns candidatos. E mais do mesmo"
Em breve corremos uma vez mais às urnas para executarmos aquele que julgamos ser o momento alto da nossa Democracia e da nossa responsabilidade em sociedade - Votar. Escolheremos por isso uma vez mais o Presidente de Câmara e mais um bando desconhecido de deputados municipais que irão “mandar” no espaço físico em que vivemos.
Não saberemos muito bem qual é o seu programa, para além daquelas baboseiras comuns sobre as costumeiras tiradas sobre “Melhorias de vida”, o apoio “aos mais necessitados”, e a luta pelo restabelecimento das finanças locais. Não sabemos nada sobre as pessoas e sobre a sua responsabilização quer para os eleitos como para os anteriormente elegidos que sempre se desresponsabilizam sobre tempos idos. Sabemos que logo após as eleições virão sempre aquelas desculpas de que o antecessor deixou tudo em mau estado e com protocolos envenenados (por isso não se respeitam). Não faremos igualmente ideia sobre as equipas de gestão nem das suas capacidades, mas sabemos que irão reorganizar tudo, mudar cargos e distribuir favores.
Sabemos é com toda a certeza que das listas a votos no dia a seguir as derrotadas se esvaziam, e das vencedoras muitos escaparão para os cargos apetecíveis e cá deixarão os meninos do aparelho. Sabemos que se os que cá estavam continuarem tudo seguirá na mesma (para bem ou para mal), e se tudo mudar andaremos uns 2 anos à espera que algo aconteça. Triste sina desta vida democrática que não nos dá qualquer outra opção.
Entretanto no meio destas lutas das tribos partidárias e das tribos interpartidárias, quebram-se tantos elos e cadeias que no fim ficaremos todos uma vez mais a falar sozinhos. Continuaremos a ter esta imensidão de pequenas cidades, cada qual entregue à sua tribo a puxar as sardinhas às suas brasas e a ver passar os cardumes. Continuaremos a ver a região a degradar-se e a não termos um discurso consistente afinado e a uma só voz.
Não me interessa nada para quais tribos cairão as diferentes Câmaras, mas interessa-me particularmente para onde irá aquela que por natureza e pelo seu nome dá a cara pela região. Apenas o Porto pelo seu peso e nome devia ser a cidade-região, devia congregar o pensamento, a estratégia e a capacidade administrativa e política da região Norte. Interessa particularmente sabermos eleger alguém que tenha a dimensão humana, cultural e política que possa agregar à sua volta as vontades de muita gente que tem vindo a manifestar-se por tantos assuntos que têm preenchido as discussões e os debates nos últimos tempos.
A pergunta pertinente é saber, entre quem se candidatou, quem melhor se encaixa nesta perspectiva. Por outras palavras saber entre os possíveis elegíveis do PSD e PS, quem consegue ter um discurso que melhor se enquadre. Porque perceba quem quiser, mas quem está preocupado com a reabilitação da Baixa, com as opções estratégicas de transportes sejam o Metro, o TGV ou o aeroporto, com as opções de regionalização, ou com as estratégias económicas, seus clusters ou outros, de nada adiantará continuarmos a falar a muitas vozes, a fazer debates ou a perder latim se não tivermos Poder, e não formos capazes de fazer inverter políticas e de provocarmos outras. Isto não se consegue sem a força e a postura da voz de uma região.
Infelizmente não me parece que nenhum destes candidatos até ao momento mostre qualquer vontade e coragem de seguir por esse caminho.
Alexandre Burmester