De: JA Rio Fernandes - "Metro a Oeste"
Evitando fazer comentários relativamente à comissão de acompanhamento da linha de metro, quer pela sua criação, quer pela sua constituição, avanço seis apontamentos a propósito do metro no lado ocidental.
1. A prioridade não é ocidental, onde já há metro (por Senhora da Hora para Matosinhos) e menos gente todos os dias em transporte colectivo, mas antes a leste, na ligação a Gondomar por Valbom, de que não se fala, mas cujo projecto se espera que fique pronto em breve (quando?), e a sul, na ligação a Vila de Este, em Vila Nova de Gaia.
2. Menos mal que a ligação é pelo Campo Alegre e se prolonga para a Baixa e não pela Avenida da Boavista terminando na Rotunda (obrigando a saída dos passageiros e passagem em túnel para a Estação Casa da Música): poupa-se esta avenida única e magnífica e servem-se mais pessoas, designadamente as muitas que usam o pólo de Campo Alegre da Universidade do Porto.
3. O serviço deveria ser mais “leve” e eminentemente urbano (e não metropolitano), pelo que um bom eléctrico (sem ser histórico) faria melhor o serviço, com idêntico conforto, velocidade aproximada, mais densidade de paragens, menor conflito com outros modos de transporte e muito menor custo. Pena que não o permita a descapitalização dos STCP, a enorme “aposta” financeira no metro (que todavia andou sempre sem dinheiro…), ou a ausência de fusão das empresas e de um plano integrado de transportes para a cidade de 8km de raio e 1 milhão de habitantes.
4. A fazer-se a linha para metro, o custo e a pressão sobre a utilização do automóvel devem ser dois dos principais objectivos, o que, salvo questões de força maior nalguns locais, aconselha que o veículo circule à superfície, com a vantagem acrescida de permitir à cidade ver o metro e aos passageiros verem a cidade (o que não é pouco importante, para visitantes/turistas, ou por exemplo pelos seus efeitos na segurança urbana).
5. Também a propósito de custos e da necessidade mais que nunca de combater o novo-riquismo, espera-se que não continue a Metro SA a pagar por terrenos e pelo seu “arranjo urbanístico” (ruas, praças, mobiliário, …) quase tanto como no que é verdadeiramente indispensável para o metro circular e compete de facto a uma empresa de transportes. Tanto se fala de parcerias e tanto é o interesse das câmaras nestas linhas que não se perceberia que não fossem elas quando necessário, em parceria público-público, a suportar os custos dos terrenos (como acontece com quase tudo o mais do domínio das infraestruturas, como no ensino e na saúde).
6. Há ainda a velha questão IMOLOC: lembram-se que se chegou a sugerir que a passagem do metro no Parque da Cidade ajudava a resolver o problema da pesadíssima indemnização que a Câmara de Rui Rio teria de pagar? Quem ganha com a acessibilidade acrescida e brutal valorização dos terrenos decorrente da passagem do metro na Avenida Nun’Álvares, na altura em que, por coincidência, Câmara e privados chegam a acordo sobre a indemnização que provoca a mudança de dono belas peças junto da Nun’Álvares? Seremos nós, representados pelo Estado de âmbito local (Câmara Municipal do Porto), ou por uma empresa de capitais públicos (logo, nossos)?
José Rio Fernandes