De: Daniel Rodrigues - "Ao ler..."

... a discussão sobre a linha Campo Alegre / Boavista, não consigo deixar de pensar num paralelo com o assunto sobre o qual me tenho debruçado nos últimos tempos, da ferrovia convencional.

É que, enquanto se discutem traçados sobre uma linha não prioritária, esquece-se de vez que a 2.ª linha de Gaia foi agendada para as calendas gregas. E esta traria benefícios muito mais poderosos para as deslocações pendulares que realmente ocorrem na área metropolitana do Porto, e para prosseguir um objectivo crítico que é uma maior integração entre as duas cidades. E sublinho as vantagens que existiriam com tal solução:

• 1. Um interface adicional para os utentes da Linha do Norte na Estação das Devesas;
• 2. Servia-se o Mercado do Bom Sucesso, o Pólo Universitário do Campo Alegre, e as zonas altamente populosas de Canidelo, Devesas, Soares dos Reis.
• 3. Atacava-se o maior bottleneck de tráfego de viaturas, que se situa na Ponte da Arrábida.

Querendo investir-se de forma faseada, era inclusive possível fazer uma primeira fase entre a Casa da Música e Devesas, o que configuraria um primeiro verdadeiro anel na rede de transportes do Porto verdadeiro (Porto+Gaia), em vez de uma solução Portocêntrica.

Compreendo que, tal como na discussão sobre a Alta Velocidade, seja importante, tendo sido tomadas determinadas decisões, apostar em encontrar o melhor. Agora, o que não posso concordar é que em tempo de crise, onde cada investimento tem de ser medido, manter-se um parente pobre do sistema de transportes urbanos da AMP na cidade de Vila Nova de Gaia. Sobretudo atendendo às vantagens óbvias de outras soluções. O mesmo defendo com a ferrovia convencional. Se as energias gastas em confronto entre as pessoas que debatem uma solução Campo Alegre / Boavista se concentrassem na defesa da utilização desses mesmos fundos em apostas mais rentáveis e com efeitos multiplicadores bem mais significativos, estou certo que seria possível bater o pé ao Estado Central.

Já repararam o quão tranquilo o Governo ficou agora em relação ao assunto metro do Porto apenas pela apresentação desta ideia? Apesar das graves falhas em relação a todos os prazos e compromissos assumidos? "Divide et impera", o ministro das obras públicas estudou muito bem o seu Machiavelli.

Aposte-se na 2.ª linha de Gaia, e parte das áreas em questão com a linha do Campo Alegre ficam resolvidas, a solução técnica oferecerá mais consenso (a localização da ponte será a única questão que exigirá debate mais aceso) e é até possível fasear a obra, fazendo uma primeira parte até às Devesas, deixando a continuação para Laborim para mais tarde.

Cumprimentos,
Daniel Rodrigues