De: Nuno Casimiro - "Condutas"

Submetido por taf em Sexta, 2009-03-20 12:09

Nós sabemos que é sempre assim, que há as afinidades electivas e a liberdade de escolha. É mais ou menos natural que eu chame apenas as pessoas de quem gosto às minhas festas e, numa extensão do hábito, evite ter as pessoas de quem não gosto nos eventos que organize. Também prefiro trabalhar com rapaziada com quem tenha confiança e alguma proximidade. Mas eu não sou presidente de uma câmara municipal. Não tenho de engolir grandes sapos em cerimónias oficiais, como ter de passear com a ministra da cultura na abertura de uma feira do livro, mesmo no momento em que quase a insultava publicamente por causa de um túnel.

Ainda assim, o resto do mundo existe e temos de conviver com ele. E se alguém faz um bom trabalho ou pode dar uma contribuição relevante, temos de contar com essa criatura. Porque é o bem maior que está aqui em causa e não a nossa festa de aniversário.

Claro que o pequeno Napoleão dos Aliados tem uma visão ligeiramente diferente da realidade e de como lidar com ela. E o que mais me choca não é a proscrição do Manuel Jorge Marmelo por parte da edilidade. A verdade é que o escritor, em comparação com a actuação do edil, já provou publicamente que é quem mais respeita o Porto. O que realmente assusta é a forma como o poder se instala e intromete no normal funcionamento das coisas. Alguém dizer que “como se trata de um evento organizado pela Câmara Municipal, não pode convidar” o Marmelo não será fruto de uma ordem interna, de um despacho ou circular. É consequência de indicações várias, certamente algumas mais directas outras mais subtis, que acabarão por instituir um (novo) código de conduta.

Um código sério.
E uma conduta firme.

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nuno casimiro