De: José M. Varela - "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades..."
Desde que o executivo presidido pelo Dr. Rui Rio entrou no seu segundo mandato temos vindo gradualmente a assistir a uma inversão de 180 graus na política urbanística do Porto. Em alguns dossiers vemos mesmo a recuperação de algumas das teses defendidas pelo anterior presidente (o engº Nuno Cardoso) e que em tempos foram anatemizadas por Rui Rio, nomeadamente no que se refere à densificação do tecido urbano.
Quando tomou posse como vereador do Urbanismo, o arqº Ricardo Figueiredo dizia que um dos seus principais objectivos seria evitar a urbanização desenfreada das margens do Douro. As margens e escarpas, de ambos os lados do rio Douro, são um dos mais bonitos cenários paisagísticos e, consequentemente, um importante recurso para aproveitamento turístico. Com a saída de Ricardo Figueiredo e, posteriormente, de Paulo Morais, todo um processo de urbanização desenfreada das margens e escarpas do Douro tem vindo rapidamente a avançar. Ainda por cima com prédios de estética duvidosa como, por exemplo, o "chouriço" construído junto da antiga SECIL ou o que se está a fazer na Quinta da China. Aliás todo um conjunto de exemplos similares relativos à inversão de rumo da política urbanística da Câmara foram já recentemente inventariados aqui.
É ridículo dizer que ao fazer um piso térreo vazado se permite o acesso às escarpas do Douro, uma vez que o interesse paisagístico das escarpas revela-se principalmente quando se circula na marginal. Em vez do enquadramento natural que dava monumentalidade à Ponte da Arrábida, passamos a ver apenas um "comboio" que tapa e diminui a obra-prima da engenharia portuguesa do séc. XX.
Rui Rio II é assim completamente diferente de Rui Rio I.Falta explicar quais as razões que estão por trás desta significativa inversão de rumo que o levou a entrar em choque com os anteriores vereadores desta pasta.
José Manuel Varela