De: Artur Ribeiro - "Cobertura da Rua de Cedofeita"

Submetido por taf em Sexta, 2009-02-06 23:14

A ideia é muito positiva, tudo que seja para melhorar é bem-vindo, apenas discordo do género de estrutura apresentada, em três pontos essenciais:

  • 1- Onde está o acesso dos bombeiros para lançar uma escada magirus e acudir a um incêndio, por cima da zona coberta?
  • 2 – Onde está o conforto dos clientes que para ver uma montra vão ter de abrir o guarda-chuva?
  • 3 – Se a ideia é abrigar os expositores das actividades culturais e tradicionais, (que são bem-vindos), por onde passam os carros para cargas e descargas urgentes, a polícia, os bombeiros e o INEM?

A abertura entre a cobertura terá de ser central, permitindo que a rua seja vista em toda a sua extensão, seja em Cedofeita ou em Santa Catarina. O Fórum de Aveiro é o melhor exemplo do tipo de cobertura a implementar nas cidades, onde as pessoas se cruzam em frente às montras, abrigadas, debaixo da cobertura lateral, que também não poderá ser aplicada directamente nos edifícios mas em estruturas a criar, de acordo com o espaço onde estão inseridas. Também os reclamos deverão ser uniformizados, permitindo uma melhor leitura e enquadramento.

Fórum Aveiro


As lojas das ruas adjacentes ao Via Catarina e Porto Plaza deveriam estudar um horário comum, de forma a alargar a oferta e poder fixar mais clientes, pois todos ficariam a ganhar, com o horário alargado.


Movimento Perpétuo Associativo

Mais urgente que cobrir as ruas é preciso a união dos comerciantes através do associativismo, é preciso mais empenho e participação, é preciso deixar de olhar o vizinho como concorrente e ver nele um parceiro. Os comerciantes têm os dirigentes que merecem, todos têm vontade de mudança mas na hora o “Movimento Perpétuo Associativo” (citando os Deolinda) é mais forte, coçam a barriga e há sempre um imprevisto que os impede de serem mais participativos e mais empenhados no associativismo.

Os comerciantes tiveram o seu tempo de revolta aquando da implementação das grandes superfícies à volta das cidades; hoje, mais que dizer mal desses espaços, é preciso é levar à prática o que lá se faz de melhor, o que os faz atrair a clientela. É preciso rever os horários das lojas, os tempos e os hábitos de consumo mudaram e é hora de adaptação, as lojas deviam aproveitar a hora de almoço para cativar mais clientes dos serviços e outros. Por outro lado é preferível abrir mais tarde e fechar mais tarde, para ir de encontro às necessidades do público. As tardes de Sábado nalgumas lojas que habituaram os seus clientes, já representam hoje o maior movimento de caixa. Não podemos estar constantemente a queixar-nos se nada fizermos para melhorar o negócio, para atrair novos públicos, na vida é preciso fazer alguns sacrifícios, ou agora ou nunca.

A Baixa da cidade precisa de mais vida, para isso tem de se acabar com os grafitties, investir mais em limpeza, em guarda nocturnos, em animação, em cursos de vitrinismo, em espaços de apoio às crianças, é preciso oferecer o máximo de conforto a quem nos visita, porque o resto temos nós; espaço arejado, lojas de excelente qualidade, preços competitivos, museus, teatros, bares da moda, bons restaurantes, cafés históricos, o eléctrico e o metro, que embora tenha chegado com 20 anos de atraso, hoje é o transporte preferido de quem nos visita, estuda e trabalha na cidade. O preço da hora nos diversos parques de estacionamento da baixa tem de ser negociado caso a caso, é preciso também atrair mais serviços públicos.


Lei das rendas vs desertificação das cidades

Foi prática dos nossos governantes andarem anos e anos a dizer mal da oposição e vice-versa, em vez de se unirem e estudar a melhor solução para os problemas do país e das cidades, hoje temos o que está à vista; ruas desertas e prédios devolutos, fruto de uma lei das rendas “cega” que criou senhorios mais pobres que inquilinos. Depois temos outro problema grave que são as pessoas a viver longe do emprego, a morar no meio de descampados, na periferia das grandes cidades, com enormes custos familiares e financeiros pela deslocação diária em automóveis com um único ocupante.

A revitalização da Baixa está em marcha, temo que o crédito da banca, agora mais restrito, vá estagnar os projectos já aprovados, isso seria o caos. Também o Campus da Justiça, anunciado em 2006, para a zona de Cedofeita está em standby, o que poderá ser um pólo importante para a dinamização do comércio nesta área da cidade, quando estiver em pleno funcionamento.

Até lá não nos podemos resignar, porque a cidade não dorme e “a sociedade precisa de retomar outros valores". Há que encontrar a forma de contornar o panorama actual, criando mecanismos e parcerias entre lojas, associações comerciais, câmaras municipais e o turismo. Foi assim que a Associação Comercial de Barcelona resolveu o seu problema após os Jogos Olímpicos de 92, sendo hoje uma cidade de referência mundial, onde essa associação já conta com mais de 9.000 associados, um meio aéreo de publicidade e preços competitivos na TV da Catalunha, tudo fruto de parcerias conjuntas e muita vontade de mudança, aliados a uma liderança forte, aquilo que a Associação dos Comerciantes do Porto bem precisa.

Artur Ribeiro,
Comerciante há 30 anos na Rua de Cedofeita (ex-director da ACP)