De: Alexandre Burmester - "Os «Tapa-Pontes»"
O facto de uma coisa estar mal não significa por isso que se faça pior. Pessoalmente até gostava das construções da Secil, deixavam perceber a topografia e a encosta rochosa, e mais, até justificava a barra do Douro por trazer de vez em quando mais um barquinho ao rio. Mas o problema desta construção não é tapar a ponte, porque realmente não tapa, o seu problema é a escala do seu desenho.
O Porto está junto às suas margens pejado de construções novas que igualmente nada parecem perceber da escala da cidade. Antigamente havia um único edifício que era a Alfandega que um dia derrubou toda uma área de Miragaia e plantou-se à sua frente. Este edifico que foi ganhando o direito de património, não deixou por isso de criar uma ruptura na malha urbana ao ponto de, até hoje, toda a vida da marginal não conseguir passar da Ribeira à Foz. Em Gaia e seguindo-lhe o exemplo, construiu-se o famoso “Cais de Gaia”, que visto do Porto – Património marca pela negativa a escala urbana dos antigos armazéns do vinho do Porto. Mas hoje em dia várias outras construções nascem nas margens do rio com esta particularidade de esquecer a escala da cidade.
Alexandre Burmester