De: Miguel Aroso - "Ser do contra"

Submetido por taf em Sexta, 2009-01-16 10:48

Caro Pedro Lessa

Miguel Esteves Cardoso no livro "A Causa das Coisas" diz que o português é sempre do contra, não interessa o quê, tem é que ser do contra...

De facto, pela primeira vez, vejo vontade e algumas iniciativas na recuperação da Baixa do Porto em alguns prédios que, juntamente com o aumento da oferta da restauração, cria nas pessoas vontade de irem para lá viver. Vou todas as Quartas-feiras almoçar com o meu avô ao Romão, na Praça Carlos Alberto, e vejo as obras que se estão a fazer. Podem dizer-me que é pouco, mas já é alguma coisa. Claro que não é política de encher a vista, de permitir construção de toda e qualquer maneira noutras zonas do Porto (caso do El Corte Inglés), mas talvez, como alguns apregoam, a Elisa Ferreira volte ao estilo Fernando Gomes e volte a deixar um buraco orçamental idêntico ao herdado por este Executivo porque, isso sim, não tem qualquer importância discutir.

Quanto a iniciativas, posso mencionar várias como a Red Bull Air Race, Circuito da Boavista, o Rivoli (diria que, actualmente, serve de "espaço âncora" para os outros espaços culturais, como por exemplo a FNAC serve de loja âncora no Norteshopping), o projecto Sea Life (que ainda estou à espera que alguém critique aqui no blog) que vai abrir em Junho de 2009, entre outros, em que a CM Porto tem conseguido atrair investimento para a nossa cidade, mas provavelmente isso não interessa.

Por outro lado, se é um facto que alguns sítios fecharam, também não é menos verdade que muitos outros abriram. Ficaria preocupado, isso sim, se alguns tivessem fechado e nenhuns tivessem aberto... e ainda, por fim, deixei de sentir algo que me afastava naturalmente da Baixa, a insegurança, vejo movimento e vejo polícia por toda a parte, mas também provavelmente foram eles que se lembraram de começar a andar por aquelas zonas.

É evidente que sou suspeito porque, apesar de não ser filiado em nenhum partido, admiro o presidente da Câmara do Porto, considero-o uma pessoa séria e credível, que executa muito trabalho invisível e que por não ser populista acaba por ser criticado... mas num país onde Avelinos, Fátimas, Valentins, Mesquitas e Narcisos ganham eleições umas atrás das outras, não me admira que seja fácil ter muito pouca estima pelo Rui...

Abraço,
Miguel Aroso