De: António Alves - "Estação de S. Bento"

Ao contrário do que se passa com o Bolhão, a introdução duma vertente comercial na Estação de São Bento não altera a tradicional função do edifício. Isto é, continuará a ser uma estação ferroviária por cujos cais diariamente continuarão a passar dezenas de milhar de pessoas. Aliás, mesmo construindo lá mais um “shopping”, não passaria pela cabeça de ninguém alterar a função do edifício porque desse modo alienar-se-ia a principal vantagem comercial que ele tem: a capacidade de atrair milhares de pessoas num fluxo quase constante durante grande parte do dia.

Posto isto, não vejo qualquer impedimento a que se construa um centro comercial em S. Bento, desde que o projecto tenha qualidade, se integre no próprio edifício e envolvente. Não consigo descortinar, apesar de leigo na matéria, qualquer valor arquitectónico naqueles armazéns abandonados que prolongam as alas laterais do edifício principal.

As Estações podem e devem ser locais com vida e também ser aproveitadas comercialmente. Uma estação ferroviária parece-me um bom local onde um conjunto de lojas de conveniência podem singrar, como se pode ver em qualquer grande estação da Europa ou América do Norte. Afinal o que precisamos mesmo é de aumentar o PIB e o nº de postos de trabalho, não é? O velho argumento da protecção do pequeno comércio também não deve ser utilizado: ele é um dos culpados do esvaziamento e empobrecimento da cidade; foi por causa dele que as pessoas foram atrás dos centros comerciais abandonando o Porto.