De: José Silva - "O FMI «já cá está». O Norte salvou-se."

Submetido por taf em Segunda, 2008-11-03 13:47

Hoje é um grande dia, muito maior do que o dia da derrota da OTA. O Norte salvou-se por vários anos da drenagem e sabotagem que Lisboa constantemente exerce. A anunciada emissão de dívida para capitalizar os bancos coloca Portugal a caminho de sérios problemas cuja solução implicará a mudança radical de paradigma. Vejamos os factos:

O risco Portugal está a aumentar. Os financiamentos estão a passar de caros para impossíveis. Continuando cego à realidade, Portugal corre o risco de ser expulso do Euro ou deixar de receber financiamento externo. Para continuarmos no Euro teremos que aceitar e reequilíbrio da balança de transacções correntes, como em 1982, cancelar projectos que requerem endividamento e apostar na economia dos bens e serviços transaccionáveis. Não é/será  necessário uma declaração formal do BCE sobre a situação portuguesa, nem mesmo a vinda efectiva do FMI. As circunstâncias, os mercados, os decisores políticos nacionais e estrangeiros acabarão por implementar o que aqui escrevo. Estes factos macro-económicos têm força incrível e nem mesmo o descaramento propagandístico socrático ou a mafiosidade do bloco centralista de interesses consegue suplantar. Como se tem visto, aliás, nas últimas semanas, com constantes e descredibilizadores quebras de garantias de estabilidade.

Portanto as obras drenadoras, Alcochete, TGV Madrid, TTT, Nova Alcântara terminam definitivamente. Há 1 ano afirmei-o com base no encarecimento do custo de crédito que as tornaria não rentáveis para os privados. Hoje afirmo-o por causa da moratória que as circunstâncias estão a impôr à balança de pagamentos.

O Norte salva-se. O Centro e Algarve também. É onde existe a economia dos bens e serviço transacionáveis. Lisboa em sentido metafórico, nos próximos 5 anos, será o dia seguinte dos sonhos dos superdragões.

A acção do Governo está vedada. O keynesianismo terá que usar pouco financiamento externo e terá que gerar divisas. Ou seja, as obras públicas terão que ser de pequena dimensão e grande produtividade, como reclamava há dias Belmiro. Isto requer uma análise mais fina, só possível de ser gerida com a Regionalização.

No fim de semana MFLeite acertava: «Só tem sentido o apelo à ponderação dos investimentos públicos já previstos e à sua manutenção desde que melhorem a competitividade» Cedo ou tarde, esta marionete acabará por aceitar a Regionalização e deixar cair Alcochete e TGVs, mesmo que os «compromissos externos já tenham sido assumidos»...

É certo que o Norte terá recessão como todo o mundo ocidental. Porém a queda do modelo de desenvolvimento de Lisboa, por drenagem, abrirá novos horizontes. As prioridades a Norte já não devem ser combater a privatização da ANA ou afins, porque estão completamente enterradas (ao cuidado de Alexandre Ferreira). Deverá ser sim em captar pequeno investimento público gerador de competitividade territorial, nomeadamente nos transportes, reengenharia da administração pública (Regionalização + Fusão Autarquias) e criar/consolidar um pensamento estratégico próprio.

O que escrevo só passará de aparente para realidade daqui por ano. No entanto respiro já de alívio.

José Silva - Norteamos