De: Rui Encarnação - "Bem devagarinho... e até por partes... mas sem desenhos"
Às vezes é preciso mesmo soletrar e repetir, bem devagarinho ...
1. Afirmação e insinuação: há que dividir em duas partes esta primeira questão:
- a) o vereador Rui Sá, e várias outras pessoas, afirmaram, e não insinuaram, que há pessoas que auferem remunerações principescas. Fizeram-no em relação àquelas em que tiveram conhecimento do valor das remunerações.
- b) Insinuaram em relação às outras cujo valor concreto afirmam (afinal também fizeram afirmações dentro das insinuações!) desconhecer pelo facto da CMP se recusar a fornecer esses elementos (Olha, olha, parece que neste capítulo insinuante, há mais uma afirmação e acusação directa!)
Em relação à alínea a), os valores afirmados (aqui não foram insinuados!) não foram desmentidos pela CMP. Assim, uma de duas: ou se aplica a velha máxima do “quem cala consente” ou teremos de aguardar pelo desmentido (ou talvez não, porque ficar sentado à espera do que não vem é cansativo, pouco edificante e produtivo).
Em relação à alínea b) (ainda que se possa também aplicar à alínea a)), parece poder aplicar-se a mesma máxima do consentimento de quem cala, pois se ninguém rebateu a afirmação do vereador (e outros) de que procuram há meses e anos saber quais as concretas remunerações dessas pessoas e ninguém – na CMP - lho diz, é porque será verdade!
2. Interrogações:
- - Será que o vereador e os cidadãos do Porto têm o direito de saber quanto auferem determinados funcionários da CMP ou pessoas que para ela trabalham ou prestam serviços? Modestamente parece-me que sim. O presidente da CMP é tipo gestor de uma empresa! Gere uma coisa que não é dele. Por isso, é melhor justificar os seus actos e decisões perante os accionistas. É que também nas sociedades comerciais, até nas anónimas, os minoritários têm direito a obter informações!
- - Mas quem deve dar a informação? Talvez o presidente da Câmara... então se foi ele quem decidiu contratar essas pessoas, é ele quem deve explicar o que é que pensou e o que quis fazer quando as contratou! Os próprios parece-me pouco aconselhável, pois falam em causa própria – e só se forem um bocadinho burros é que vão dizer que acham que não deviam ocupar os seus lugares – e, para além disso, até podem não saber o que é que o presidente da CMP queria deles quando os contratou. Falta uma, falta uma! A CMP deve saber quanto paga a essas pessoas e o que é que elas fazem! É que se não souber, pode ser um bocadinho complicado...
Ah! Esqueci-me de uma razão, mas que não é muito importante! O presidente da Câmara foi eleito e empossado para gerir os destinos da Câmara em representação do povo! Talvez por isso, deva ser ele, e não essas pessoas – que não creio terem ido a sufrágio – a explicar ao povo a mentira das acusações que lhe fazem. E outra! (hoje estou mesmo distraído...) A acusação / afirmação / insinuação foi feita visando o presidente da Câmara (e staff) e não essas pessoas! Parece que ninguém disse que essas pessoas se infiltraram na Câmara e, sem que ninguém se apercebesse, passaram a receber salários para desempenhar funções que ninguém lhes atribuiu. Tanto quanto me recordo, o que disseram é que a Câmara pagava as tais remunerações principescas. Talvez, por isso, seja melhor a Câmara responder pois é ela, e não as pessoas, que foi acusada!
Daí que, quando o visado (a CMP ou o seu presidente) em vez de desmentir as acusações ou de dar as informações, traz os que não foram eleitos e que não se contrataram a eles próprios nem se auto-pagam, parece que está a desconversar, a não ser que reconheça que não sabe mesmo quanto ganham e o que fazem essas pessoas!? Por isso, neste ponto, não acho que a fuga do rabo à seringa tenha sido do Engº Sá e dos outros vereadores, mas sim de quem tinha o dever de esclarecer e pensou que podia mandar dizer pelos empregados. Há coisas que são, e têm, mesmo de ser tratadas com o patrão! (Tipo: não falo com quem foi mandado para dirigir o Metro do Porto, mas só com o Patrão!)
E, posto isto, na próxima parte falaremos do significado da palavra remuneração e também dessa malvada e tenebrosa expressão: “principesco...”, bem como do chamamento das pessoas em causa (esta já parcialmente tratada) e das fugas... (que saudades de Bach!) Espero não ter escrito depressa demais.