De: Rui Encarnação - "Arejo"
Caro Jorge Azevedo, não creio que criticar um presidente da Câmara, por se escusar a dar contas dos seus actos a quem o elegeu, e a quem não o elegeu mas que também é por ele representado, seja de um exercício intelectual e de cidadania primário. Especialmente quando esse presidente da Câmara fez da pureza e verticalidade de princípios a sua bandeira eleitoral nas duas eleições que lhe permitem estar à frente dos destinos da CMP há quase dois mandatos.
Perdoe-me, mas dar contas, esclarecer e explicar o que se faz, e o que se fez, bem como o que se quer fazer, é a obrigação mínima exigida a qualquer pessoa que gere coisa que não é sua, como é o caso. Por isso, toda esta história, e não ser cabalmente desmentida e explicada, por quem tem de a explicar (e é o presidente da CMP, obviamente) apenas nos faz pensar e deve fazer reflectir se, afinal, o manto impoluto e alvo com que este executivo se cobriu não é, ao fim e ao cabo, pontuado por múltiplas manchas cinzentas. E essa reflexão é tão mais importante quanto a principal característica e intenção destes executivos do Dr. Rio (para grande pena minha e prejuízo de toda a cidade) foram o equilibro das contas e o “combate contra os interesses instalados e a corrupção”.
A questão não se prende, essencialmente, com as pessoas em concreto, mas sim com a circunstância de elas serem ou não qualificadas para os lugares que ocupam, ser a remuneração que auferem adequada ao praticado quer nas demais Câmaras, quer no mundo privado e terem sido admitidas por causa dessas qualidades e não por qualquer outra circunstância, como a filiação partidária ou familiar. Essa, meu caro, é uma questão básica, mas fundamental, de cidadania e da vida política.