De: José Silva - "ASC em «Damage control»"

Submetido por taf em Sexta, 2008-10-17 12:45

Estou bastante céptico relativamente ao futuro do Aeroporto Sá Carneiro e à estratégia da ACP / JMP / Sonae / Soares da Costa. Porquê? Basicamente porque os agentes regionais são ridiculamente ingénuos. O futuro do ASC está estrategicamente encalhado devido aos erros passados e só nos resta o «damage control».

Vejamos:

  • - A ACP / Rui Moreira baseou a sua estratégia para a gestão autónoma em armadilhar compromissos verbais com Teixeira dos Santos / Sócrates. Ora estes, como é habitual, renegam o que for necessário para atingir os seus fins. Não resulta.
  • - A JMP com Rio à frente só serve para retirar poder negocial. É que este senhor acha que não se deve berrar com Lisboa. Do lado de lá, já devem dizer «pois, pois, a gente compreende».
  • - A participação da Sonae e da Soares da Costa é um caso de «moral hazard», como relata Honório Novo:
    Efectivamente Belmiro, anda há muitos anos em dissonância cognitiva. Por um lado o Estado Central nega a posse de bancos, OPA à PT e agora a gestão do ASC. Por outro lado ele manifesta-se contra a Regionalização ou contra qualquer outra alternativa que altere o «status quo».
    A posição da Soares da Costa neste filme é revelador do cínismo e do «lobby» do betão: há uns anos esta empresa sacou do OGE uma expansão megalómana de fraca qualidade do ASC via Ludgero / Cardoso / Jorge Coelho / Guterres e agora propõe-se gerir o ASC.

É certo que a importância do ASC me deveria fazer branquear o passado. Porém os erros estratégicos anteriores do poder económico a Norte, cúmplice habitual do Centralismo, AEP / Ludgero / ACP / AIMinho / Sonae / BPI / AICCOPN, continuam a manifestar-se ainda hoje. Efectivamente os privados andaram a baldar-se e agora invocam o desenvolvimento regional. Durante décadas foram ingénuos e cúmplices com a drenagem do território, a troco de negócios, incentivos, obras, juros bonificados, licenças administrativas. Agora, não têm grande credibilidade nem geram vaga de fundo da sociedade civil, claro está.

Sobrevalorizam o seu poder, julgando que por serem gigantes no nosso território também o são a nível nacional ou ibérico. Efectivamente não têm o peso político, económico, social que tem a mega-região de Lisboa e seu bloco de interesses, «máfias», MSM, e população acéfala consumidora de propaganda. Não percebem que são David contra Golias. Desperdiçaram oportunidades de ganhar poder regional há 10 anos e agora é tarde. A gestão autónoma do ASC está condenada ao falhanço e a prova disso é o contra-ataque da artilharia pesada do Centralismo como revela António Maria a propósito do recente excesso de zelo alfandegário com turistas galegos no ASC:

"Nada acontece por acaso! Eu, como alguns amigos galegos cultos e bem informados, temos a mesma teoria: sempre que a Galiza se aproxima de Portugal, alguém de Madrid ou de Lisboa, começa a provocar, e depois a sabotar. Desta vez, creio que as armadilhas estão a ser colocadas por gente do Terreiro do Paço (oriunda da nova loja sino-maçónica, envolvida na especulação da Portela, no assalto à ANA e na ocupação territorial das terras de Alcochete), e ainda por gente da Moncloa e do Palacio de Oriente, que detesta as teorias de Richard Florida sobre as mega-regiões, preferindo manter isolado o seu quintal galego. Porto, organiza-te!!"

Resta-nos «damage control», exigir contrapartidas:

  • - Direito à participação da JMP ou CCDRN na gestão privada da ANA;
  • - CVE Porto-Minho-Vigo a passar no ASC via ramal de Leixões;
  • - Muito importante: reclamar o restabelecimento de algumas rotas TAP para principais aeroportos europeus, Londres, Paris, Frankfurt em início e fim de dia de forma a permitir deslocações profissionais ao Norte num único dia de trabalho, sem ser por low cost. Alternativamente, conceder uma taxa aeroportuária excepcional à BA, Lufthansa ou AirFrance para o fazer.

PS1: Sugestão para as negociações. Belmiro exigia o «write off» da toda a dívida para ficar com a gestão do ASC. Não poderá ser apenas parte da dívida? Isto é, não se poderá considerar que uma componente foi investimento público e que portanto não transita para os privados? É que se Belmiro assumisse parte da dívida teria muito maior poder negocial. Depois até poderia revendê-la fazendo um peditório pela região. Eu até era capaz de dar para tal.

PS2: Há cerca de 15 dias estive no ASC, na ala Sul. A certa altura havia uma porta exterior aberta a cerca de de 20 metros de um difusor de calor. Não percebo nada disto, mas acho revelador de incompetência na concepção do edifício.

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José Silva - Norteamos