De: Maria Augusta Dionísio - "Quanto vale a palavra de Rui Rio?"

Submetido por taf em Quarta, 2008-10-15 14:16

Sou uma leitora deste blogue e, por mais do que uma vez, já me senti tentada em participar, atendendo ao interesse dos assuntos discutidos. Nos últimos tempos, a respeito da demolição do Aleixo, estive perto de fazê-lo, mas faltou-me a ousadia. Faço-o agora, por considerar fantástica a posição do Dr. Rui Rio a respeito do valor da palavra. Ainda no passado domingo, no JN, todos pudemos ler aquilo que a este respeito o edil portuense afirmou: «No tempo em que os homens tinham honra, um simples aperto de mão era o suficiente para selar um acordo. Hoje, nem a assinatura de um ministro, na presença do primeiro-ministro.»

Ora o meu comentário vem precisamente a propósito do valor da palavra dos homens de honra, entre os quais, ao que parece, se incluiu o Dr. Rui Rio. E aqui entra o tal tema da demolição do Aleixo. De facto, concorde-se ou não com a demolição, o que importa discutir é o compromisso escrito e verbal que o dr. Rui Rio assumiu com aqueles moradores. A exemplo daquilo que, supostamente, o Eng.º Mário Lino fez com Rui Rio.

Em 2001/2002, o Dr. Rui Rio foi frontalmente contra a proposta do Eng.º Nuno Cardoso que propunha a demolição do Aleixo. Há cerca de 6 anos, o Dr. Rui Rio impediu que esse plano avançasse, o que significaria que hoje o Aleixo já não existia. Recorde-se que os moradores, em negociação com a CMP, concordaram na altura com a proposta do Eng.º Nuno Cardoso. Quem deitou tudo a perder foi precisamente o Dr. Rui Rio quando empenhou a sua palavra junto dos moradores. Basta ler os jornais da época. Basta seguir, se dúvidas houver, o seguinte link publicado no site oficial da CMP: Rui Rio visitou o Bairro do Aleixo. Mas, além da palavra dada, agora evocada no caso do Metro do Porto, houve um compromisso escrito, assinado pelo vice-presidente Paulo Morais, com total conhecimento do Presidente, como é aludido no texto deste documento que aqui se anexa.

Carta da CMP


Assim se vê que as coincidências são por demais evidentes e, por essa razão, tomei a liberdade de trazer à colação este assunto pois acho vergonhoso este papel de virgem arrependida do Dr. Rui Rio. No caso do Metro do Porto aparece ofendidíssimo com a afronta. Tenta retirar dividendos políticos, vitimizando-se. Mas no caso do Aleixo esquece deliberadamente os compromissos assumidos e a palavra dada. Infelizmente, os bons cidadãos que vivem no Aleixo (entre os quais eu me incluo), que amam o local onde vivem, que são ricos pelas vistas que têm, estão sós nesta luta. A cidade já nos condenou e estas incongruências, as injustiças e os atropelos que nos esperam nada valem. Faz-me lembrar uma reportagem que vi há dias sobre o massacre da Candelaria, no Rio de Janeiro, em 1993. A seguir à matança, uma rádio local fez uma sondagem cujo resultado foi assustador. A grande maioria dos que opinaram concordaram com o sucedido. Com a limpeza. Também no caso do Aleixo, não faltará quem concorde com a limpeza étnica que aí vem.