De: Maria Augusta Dionísio - "Quanto vale a palavra de Rui Rio?"
Sou uma leitora deste blogue e, por mais do que uma vez, já me senti tentada em participar, atendendo ao interesse dos assuntos discutidos. Nos últimos tempos, a respeito da demolição do Aleixo, estive perto de fazê-lo, mas faltou-me a ousadia. Faço-o agora, por considerar fantástica a posição do Dr. Rui Rio a respeito do valor da palavra. Ainda no passado domingo, no JN, todos pudemos ler aquilo que a este respeito o edil portuense afirmou: «No tempo em que os homens tinham honra, um simples aperto de mão era o suficiente para selar um acordo. Hoje, nem a assinatura de um ministro, na presença do primeiro-ministro.»
Ora o meu comentário vem precisamente a propósito do valor da palavra dos homens de honra, entre os quais, ao que parece, se incluiu o Dr. Rui Rio. E aqui entra o tal tema da demolição do Aleixo. De facto, concorde-se ou não com a demolição, o que importa discutir é o compromisso escrito e verbal que o dr. Rui Rio assumiu com aqueles moradores. A exemplo daquilo que, supostamente, o Eng.º Mário Lino fez com Rui Rio.
Em 2001/2002, o Dr. Rui Rio foi frontalmente contra a proposta do Eng.º Nuno Cardoso que propunha a demolição do Aleixo. Há cerca de 6 anos, o Dr. Rui Rio impediu que esse plano avançasse, o que significaria que hoje o Aleixo já não existia. Recorde-se que os moradores, em negociação com a CMP, concordaram na altura com a proposta do Eng.º Nuno Cardoso. Quem deitou tudo a perder foi precisamente o Dr. Rui Rio quando empenhou a sua palavra junto dos moradores. Basta ler os jornais da época. Basta seguir, se dúvidas houver, o seguinte link publicado no site oficial da CMP: Rui Rio visitou o Bairro do Aleixo. Mas, além da palavra dada, agora evocada no caso do Metro do Porto, houve um compromisso escrito, assinado pelo vice-presidente Paulo Morais, com total conhecimento do Presidente, como é aludido no texto deste documento que aqui se anexa.
Assim se vê que as coincidências são por demais evidentes e, por essa razão, tomei a liberdade de trazer à colação este assunto pois acho vergonhoso este papel de virgem arrependida do Dr. Rui Rio. No caso do Metro do Porto aparece ofendidíssimo com a afronta. Tenta retirar dividendos políticos, vitimizando-se. Mas no caso do Aleixo esquece deliberadamente os compromissos assumidos e a palavra dada. Infelizmente, os bons cidadãos que vivem no Aleixo (entre os quais eu me incluo), que amam o local onde vivem, que são ricos pelas vistas que têm, estão sós nesta luta. A cidade já nos condenou e estas incongruências, as injustiças e os atropelos que nos esperam nada valem. Faz-me lembrar uma reportagem que vi há dias sobre o massacre da Candelaria, no Rio de Janeiro, em 1993. A seguir à matança, uma rádio local fez uma sondagem cujo resultado foi assustador. A grande maioria dos que opinaram concordaram com o sucedido. Com a limpeza. Também no caso do Aleixo, não faltará quem concorde com a limpeza étnica que aí vem.