De: Nuno Gomes Lopes - "Sobre a linha da Boavista"

Submetido por taf em Quinta, 2008-10-09 21:36

Paulo Pinho (sobre as propostas do Governo para o Metro do Porto), no JN:

«Em termos globais, a procura é mais ou menos a mesma, em termos de custos é claramente mais cara e comporta uma série de soluções técnicas muito mais complexas.

No estudo comparativo, recorda-se que o plano da FEUP precisava de um investimento de 1,49 milhões de euros, enquanto o plano actual necessita de 1,7 milhões (sem contar com os custos de uma nova ponte sobre o Douro, viadutos nas linhas para Gondomar e para Laborim e os "trabalhos especiais associados à ligação pelo Campo Alegre"). Os custos de construção por quilómetro da proposta da FEUP também seriam inferiores.

(...) reiterou Paulo Pinho, que continua a preferir a linha da Boavista à ligação pelo Campo Alegre. Esta é, segundo Paulo Pinho, uma solução mais cara, mais complexa e que não tira partido das virtualidades de um metro de superfície, porque tem de ser enterrada em alguns troços.»

Um dos primeiros equívocos que percebi nesta discussão entre a linha da Boavista / linha do Campo Alegre é a ideia de que a linha do Campo Alegre é em grande parte subterrânea, e por isso melhor. Bem, uma linha subterrânea é mais cara, mexe com o subsolo (furando na zona onde passa o metro mexe com muita coisa) e é uma linha menos acessível para todos. Ok, os veículos circulam mais rapidamente. Mas também é só isso.

Mas isso não interessa aqui. Têm vendido a linha do Campo Alegre como maioritariamente subterrânea. O que não é verdade. A linha será subterrânea apenas entre São Bento e o Ipanema. Entre o Ipanema e Matosinhos Sul ela andará à superfície (e sobre o Parque da Cidade, em viaduto). Só se deixa enganar quem quer ser enganado.

Entretanto, a linha da Boavista, que já está parcialmente feita em 2/5 do percurso, tinha um custo previsto de 90 milhões de euros. A linha do Campo Alegre tem um custo previsto de 319 milhões de euros. Mais uma vez, quem diz que os custos são 'parecidos' anda enganado (ou a querer enganar o pessoal). Já para não falar (mas eu falo, eu falo) do estudo (até agora, o único oficial) que dizia que os volumes de trânsito de passageiros eram equivalentes entre as duas opções, havendo até uma ligeira vantagem para a linha da Boavista, devido ao troço inicial, que atrai mais gente.

Continuo sem perceber como é que a proposta vinda de Lisboa consegue convencer mais pessoas do que a proposta da FEUP (que, se bem se lembram, é ali ao lado do São João), uma das faculdades de Engenharia mais cotadas do Mundo. Tipo, é a FEUP. Hellooooo.

E continuo sem perceber a insistência em criticar Rui Rio pelas obras na Avenida. Ouvi uma vez falar de uma rua no Porto que foi furada 4 vezes no mesmo ano. Água, gás, electricidade, tvcabo. O bom planeamento consiste exactamente em evitar situações destas. O que Rui Rio fez foi antecipar a obra junto da Casa da Música e do Parque da Cidade (por motivos eleitoralistas ou não, isso não é importante). Porque, acreditem ou não, a Avenida terá algum dia metro e, assim, a obra já está feita.
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Nuno Gomes Lopes