De: Emídio Gardé - "Linha de Cintura (vulgo "de Leixões")"

Submetido por taf em Quarta, 2008-10-08 22:49

Não deixa de ser curioso que os assuntos - importantes acrescentaria - são recorrentes n'A Baixa do Porto. E um deles é a Linha Ferroviária de Cintura, vulgo "de Leixões".

Já aqui foi escrito que por ela deveria passar o TGV para o Aeroporto de Sá Carneiro; ou ser convertida em linha do Metro do Porto. Se à primeira sempre considerei um disparate, à segunda acho-a com (algum) sentido. Mas... quem sou eu para reiterar ideias a quem as deve ter e - mais - executar as que divulga como promessa?

Explico-me melhor: em 31 de Dezembro de 2004 (quatro), o JN publicava a seguinte notícia (em tempos on-line):

"Linha de Leixões volta a ter passageiros no fim do Verão (2005)
Transportes Secretário de Estado considera que o investimento necessário (1,3 milhões) "não é muito elevado" e que o serviço vai conquistar utentes para a CP, para a STCP e para o metro.
Francisco F. Neves / Lusa

Estudos da CP indicam que a linha de Leixões terá uma procura de 21 mil a 31 mil pessoas por dia.
A linha ferroviária entre Leixões (Matosinhos) e Ermesinde (Valongo) vai voltar a receber comboios de passageiros. O secretário de Estado dos Transportes, Jorge Borrego, acredita que as composições poderão começar a circular até ao final do Verão do próximo ano. Ontem, o governante assinou o despacho que criou uma comissão técnica - liderada pela Autoridade Metropolitana de Transportes - destinada a consolidar o projecto já desenvolvido pela CP, determinando a sua viabilidade económica, num prazo de três meses.
Os indicadores são favoráveis. Os estudos elaborados pela CP estimam que a linha tenha uma procura entre as 21 mil e as 31 mil pessoas por dia, nos primeiros cinco anos de funcionamento. A linha de Leixões (actualmente usada apenas para o transporte de mercadorias) passará a servir grandes aglomerados populacionais como Águas Santas, na Maia, Ermesinde, em Valongo, o pólo universitário da Asprela e as instituições de saúde vizinhas, no Porto. Por outro lado, na estação de Ermesinde, será possível estabelecer ligação com as linhas do Douro e do Minho.
Jorge Borrego, que falava à margem de uma cerimónia na STCP, revelou que será necessário um investimento de 1,3 milhões de euros para adaptar a ferrovia, nomeadamente com a construção de estações, apeadeiros e interfaces.
"Não é um valor muito elevado. E a linha irá ser, certamente, um instrumento redistribuidor do tráfego de passageiros", considerou o secretário de Estado, assinalando que o serviço atrairá passageiros, também, para os "sistemas de transportes mais urbanos", da STCP e da Empresa do Metro.
Jorge Borrego admitiu que no final do Verão nem tudo possa estar pronto (nomeadamente os interfaces e parques de estacionamento previstos), mas sustentou que existirão as "condições mínimas" para se arrancar com o serviço. Que já deixou de funcionar em finais da década de 60 do século passado, quando a linha passou a ser exclusivamente de mercadorias. A própria Câmara de Matosinhos já tinha enviado ao Governo, há dois anos, um projecto para a reactivação da linha de Leixões a serviço de passageiros. Uma proposta que previa, até, a construção de uma extensão da linha ferroviária até ao aeroporto de Francisco Sá Carneiro, na Maia."

Onde estão esses estudos?
Porque não avançou a CP com a ligação Leixões - Ermesinde então prometida?
Porque as propostas/pedidos da C. M. de Matosinhos ficaram "no tinteiro"?

Enfim, seria certamente possível fazer 'n' outras perguntas semelhantes.

Uma coisa é certa - e repetida na notícia: a linha é usada para serviço de mercadorias. E essa é a razão pela qual ela não pode ser convertida para o Metro do Porto. O que não significa, porém, que não possa ter serviço de passageiros, em intermodalidade com o Metro do Porto, os STCP e a CP. E o facto de ela não estar a ser usada é, de facto, um caso de lesa-património.

Emídio Gardé