De: Luís Gomes - "Alargamento da Rede de Metro"

Submetido por taf em Quarta, 2008-10-01 23:55

Nestes últimos dias temos sido presenteados com novas informações recicladas e recauchutadas quer do Governo quer da Junta Metropolitana.

Em primeiro lugar existe, quanto a mim, muita desinformação na opinião de alguns leitores. Este anúncio da parte do Governo é fora de tempo, desadequado, desproporcionado e maldoso. Tudo porque porque este Governo tem vindo a descredibilizar sucessivamente as pontes construídas entre estes e a Junta Metropolitana. Após várias promessas assinadas e reconhecidas por todos, todos nos lembramos da troca pouco honrosa do controlo da empresa Metro do Porto por um conjunto de datas e linhas cujos concursos seriam lançados ao longo deste ano. Percebemos agora que o Governo mentiu duas vezes: primeiro vem apresentar datas 2018?!, 2022?! (só pode ser gozo) completamente dispares das que assinou há pouco menos de um ano. A segunda mentira tem a ver com traçados. Foram deitados milhares de Euros fora de Universidades, empresas de consultoria, e muitas horas de trabalho de especialistas que apontaram soluções que anteriormente foram acordadas.

Por tudo isto, deixem-me que vos diga que, independentemente de traçados, de apreço por personalidades ou de entendimentos políticos, o que mais importa é a humilhação com que o Porto e cidades associadas são tratadas.

A discussão sobre a linha da Boavista para mim é secundária. O problema que urge resolver neste momento é as migrações dentro da Área Metropolitana, uma vez que circulam muitos mais milhares em ligações pendulares do que os milhares que circulam intra cidade do Porto. Falo nomeadamente de Valongo, Rio Tinto e Gondomar.

Igualmente, por uma questão de moral e de um honrar de compromissos, deveria ser referida a Linha Verde da Trofa. Concelho que, apesar de ser menos populoso e mais distante do Porto, foi usado como justificação para a Linha Verde que actualmente vai até ao ISMAI. Provavelmente, estariam hoje bem servidos com o comboio, mas para justificar o tal investimento, perderam linha de comboio e ficam com autocarros como se fossem cidadãos de segunda. Caros bloggers, lembrem-se que estas pessoas estão há dez anos sem transporte ferroviário porque quiseram converter linhas ferroviárias em linhas de metro. Vergonhoso.

Quanto ao debate fervoroso entre Linha da Boavista versus Campo Alegre só dá para rir quando lemos as opiniões de alguns defensores do Campo Alegre que sustentam a linha nos defeitos da outra ou nos defeitos de quem a propôs. Para vos avivar a memória, a questão sempre se pôs entre Linha da Boavista e Linha do Hospital S. João (via Circunvalação) e nunca Campo Alegre. Campo Alegre sempre esteve associado à pseudo linha circular.

Não creio que, em tempos de investimentos muito bem acautelados (se é que alguma vez os houve) alguma das 3 linhas seja viável. Como podem ver no post de António Alves no infograma, a intenção seria cobrir o pólo universitário do Campo Alegre / Católica e a zona Residencial da Galiza. Para quem desconhece este pólo universitário fique-se a saber que nos últimos 5 anos saíram do pseudo pólo: Direito, Psicologia, restando apenas Ciências e Arquitectura. Letras está bem servida pela estação da Casa da Música e uma possível estação na Galiza ficaria equidistante.

Tenho dúvidas sobre qual o valor da população em termos residenciais/serviços servida pelas duas linhas até meio dos seus percursos:
- Boavista: Pinheiro Manso, Bessa, Foco, Bessa Leite, Pereiró, Fonte da Moura, Serralves
- Campo Alegre: Galiza, Campo Alegre, Lordelo (junta), Bairros Zona Ocidental
- Tronco possivelmente comum: Pasteleira, U. Católica

Quando referem nos vossos posts o pagamento das obras do Final da Avenida da Boavista, saibam os "entendidíssimos" que quer numa linha quer noutra essas obras estariam pagas, porque se olharem com olhos de ver para o referido mapa conseguem perceber que a Linha Campo Alegre depois da Praça do Império seguirá pela nova Avenida desaguando imaginem só... no maldito do troço intervencionado na Av. da Boavista! Então porque é que os defensores do pagamento da CMP à Metro desta obra não defendem igualmente o pagamento da obra de remodelação feita pela Metro para retirar os carris de Metro do Parque da Cidade (idealizados por Narciso - Gomes - Cardoso) que jamais foram aprovados em momento algum? Certamente por terem a dita costela da politiquice...

Depois da estação do Campo Alegre, pelo estudo apresentado só volta a parar na Praça do Império e Av. Nun'Álvares. Faz sentido? Evidentemente não. O 200 faz isto muito melhor. Cobre Guerra Junqueiro, Lordelo (Junta), Condominhas, Pinheiro Torres, Pasteleiras Norte, Sul, Torres Vermelhas, Quinta de Miramar. O metro é mais rápido deixa o pessoal da "pasta" na Universidade Privada :) , que irá trocar o carro pelo metro (?!), em vez de cobrir a classe média e baixa das zonas residenciais. Depois volta a parar na nova avenida, mais uma estação que irá estar apinhada de moscas, porque não estou a dizer mentira nenhuma se dissermos que a classe média alta de Nevogilde (com menos de 5000 habitantes) sobretudo residente na cota baixa da freguesia, vá trocar o automóvel pelo metro.

Faça-se o Metro para onde e quem realmente precisa!

Um abraço
Luís Gomes
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Nota de TAF: mais uma notícia sobre este tema no JPN - Concentração de bairros sociais pesou na opção pela linha do Campo Alegre