De: Cristina Santos - "Rodrigues, Bolhão e Socrates"
A Escola Secundaria Rodrigues de Freitas está notável, linda. O telhado perfeito, os pavimentos em madeira, a escadaria, as janelas, o branco e o verde das paredes revestidas, e as fotos das obras a denunciar as belas tesouras da cobertura, as antigas estruturas inigualáveis e mantidas ao pormenor, merece uma visita. Renasceu, retomou as características de espaço digno, de ensino, de cultura, de relações, as pessoas trabalham com gosto, sentem orgulho em pertencer àquele lugar, o atendimento mudou. Também mudou o executivo, a organização, há menos vagas, mas o importante é que há uma melhoria evidente nos recursos que se reflecte no comportamento dos alunos, mesmo nos mais carenciados. É uma mais valia para a nossa cidade. A ala do Conservatório merece também referência, recuperado é um prestígio.
Um edifício feito de novo não teria o mesmo impacto, a mesma beleza. Talvez se possa retirar daqui um exemplo para o Bolhão, alterar o que existe pode ser um erro colossal. Porque não dotá-lo de condições, mas manter tudo, mesmo tudo, no formato original? Não há arquitectura moderna que possa superiorizar a existente. Escadas rolantes, elevadores, experimentem subir e depois descer até ao bar da Rodrigues, só isso vale a visita.
Ainda assim, elogios a José Sócrates não posso tecer, deve-nos muito mais do que isso, esse investimento não é comparável ao que nós portuenses contribuímos para este país. As nossas esquadras parecem gabinetes de favela, devem ter piores condições que as casas dos criminosos que punem, bastava revestir paredes, pavimentos, novos telhados, para melhorar a eficiência, a produtividade, e consequentemente o gosto de residir no Porto. Ninguém trabalha satisfeito debaixo de um tecto podre, ou a calcorrear um pavimento semi-aluído. Portanto quanto a José Sócrates, vamos ser contidos, deve muito à nossa cidade, já não chega a recompensar-nos, só o caso do Metro exigia-lhe mais 10 anos de mandato.
Cristina Santos