De: Cristina Santos - "Que venham a ser o báculo dos cansados"
Fico contente, pelo menos sei que enquanto eu me sento no sofá, sem ver luz nesta dupla Sócrates / Manuela Ferreira Leite, alguns portuenses se levantam e lutam para discutir soluções e ideias, que eu já não tenho, nem encontro. Recordo-me aquando da eleição de MFL de José Silva ter dito que talvez não restasse mais nada senão cada um tentar preservar o seu património, pensei o mesmo, tentei de alguma forma ter esperança na regionalização, mas parece-me que é mais uma batalha que perdemos sem verdadeiramente a termos iniciado.
Creio que era Nietzsche quem dizia que o mais difícil é sabermos manter-nos de pé na hora da vitória, já me sentei, olho o Porto e não vejo como será possível recuperar tão vasta degradação. Pensei que pudesse defender a aplicação de alguns princípios da «Exposição Internacional de Arquitectura e do Habitat – Berlim (IBA) – 1979 – 1987», que defendia perante o caos que a renovação se fizesse por etapas, com vista a atingir um nível mínimo na primeira fase, que se completasse com melhorias posteriores, diziam eles que a situação melhorava imediatamente se não se demolissem mais do que as partes perigosas, e se restaurarem as fachadas e reabilitassem os espaços verdes interiores. Mas já nem vale a pena, a somar à nossa situação urbana, temos a degradação financeira e social do país, a degradação da política, a falta de opções, não temos escolha para o país e assim não há escolha para a nossa região.
Louvo a iniciativa, admiro que alguns ainda se levantem e lutem, e que para além disso ainda nos convidem, a nós, os que desistimos fácil, aqui sentados no sofá, quando muito preparados para os acusar de algum aproveitamento que inventaremos na hora certa, porque hoje quando alguém se levanta ninguém acredita que tenha força para se manter em pé a eternidade que é precisa para mudar o rumo, o sistema viciado em que há anos se encontra o nosso país.
Cristina Santos