De: F. Rocha Antunes - "Espectador comprometido"

Submetido por taf em Segunda, 2006-06-19 11:45

Meus Caros,

Nesta Praça da Liberdade que é a Baixa do Porto os assuntos naturalmente repetem-se. A procura de novas formas de participação, mais organizada e mais eficiente é um desses assuntos.

Costumo ser um dos poucos optimistas de serviço e acredito que a participação sistemática de cidadãos interessados é uma condição essencial para a melhoria da democracia. A prática da discussão pública dos assuntos da cidade e da região é muito importante e pode ser um dos factores mais importantes da regeneração da vida pública do Porto.

Talvez por isso não sou tão sensível à questão do lobby organizado. Por duvidar que haja energias disponíveis para o manter a funcionar. Mas não vai ser por falta da minha colaboração financeira que ele não anda: assumo a disponibilidade para suportar, de forma regular, o seu funcionamento. Subscrevo com o meu dinheiro a vontade de José da Silva.

Considero que é mais importante ser independente, crítico e espectador da acção dos políticos do que querer substituir-me a eles para o exercício de algo que não me sinto nem preparado nem vocacionado: a gestão da coisa pública.

O que não falta são candidatos a essa gestão e, ao contrário do que se costuma dizer, eu acho que temos evoluído positivamente na nossa região nos últimos anos. Se pensarem quem eram há 10 anos as estrelas locais e regionais dos vários partidos relevantes e quem hoje está nos lugares de poder, pode-se constatar que a evolução é francamente positiva.

Eu tenho tão pouca paciência para os maus políticos como para todos os que se propõem salvar a Pátria, a região ou a cidade dos maus políticos e a única coisa que têm de diferente a propor é a sua excelsa presença. Prefiro os que se comprometem com a acção e que tentam, sem desistir, melhorar o que podem melhorar. Prefiro os que pensam e que agem. Com todos os riscos de fazer alguma coisa num país de treinadores de bancada.

Assumo a minha condição de espectador comprometido com a acção, com a responsabilidade, no meu caso, de fazer prédios e projectos imobiliários que melhorem a cidade e que sejam portadores dos valores de modernidade e civismo em que acredito. E que faço de acordo com os métodos de profissionalismo, rigor e transparência que exijo aos outros.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

PS. O título deste post é uma pequena homenagem a Raymond Aron, com quem aprendi a dificuldade de ser um espectador comprometido.