De: Daniel Rodrigues - "Mercadorias vs. TGV"

Submetido por taf em Segunda, 2008-08-18 14:09

Aqui está uma notícia que acerta em cheio no problema de construir um TGV. Mais do que nunca é preciso que o resto do país se mobilize, e exija a existência de uma linha de mercadorias em bitola europeia interligando as principais zonas industriais, libertando as restantes vias para o tráfego de passageiros.

A meu ver, a melhor solução seria começar por exigir a Espanha no seio da comunidade europeia a construção de uma linha de mercadorias em bitola europeia entre Vilar de Formoso e Hendaye, e realizar uma ligação Aveiro (Pampilhosa) - Vilar de Formoso igualmente em bitola europeia. De igual modo, como uma solução rápida e barata para integração dos sistemas, colocava em Pampilhosa uma central de transferência de carga, utilizando a bitola ibérica e unidades de transporte existentes para ligar Pampilhosa aos centros industriais no litoral. Progressivamente, e a partir deste ponto nevrálgico da rede e ligação aos mercados europeus, realizaria linhas em bitola europeia, começando por um trajecto ao longo do antigo vouguinha para norte passando as zonas industriais (Estarreja, Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Feira, Gaia, Gondomar, Leixões, Vale do Ave, Viana do Castelo), e para Sul, preferencialmente ao longo da linha do Oeste. Em paralelo, uma ligação através do Vale do Tejo, Abrantes, Castelo Branco, Guarda, Vilar de Formoso para uma ligação rápida a Espanha. Finalmente, a substituição completa das linhas existentes para bitola europeia, a longo prazo.

Este plano tem multiplas vantagens:

  • 1. ligação de Portugal à Europa como prioridade máxima: as mercadorias são transferidas em Pampilhosa e daí ao destino não necessitam de mais pontos de paragem
  • 2. aproveitamento da infraestrutura existente sem perturbação da circulação existente. (áreas com circulação residual, como o canal do vouguinha)
  • 3. intervenção faseada, permitindo maior ou menor investimento consoante o estado das finanças públicas
  • 4. com a libertação das mercadorias para um canal paralelo, maior disponibilidade para transporte de passageiros nos canais existentes
  • 5. aumento das áreas servidas por via férrea, possibilitando uma introdução de novos comboios de passageiros circulando em bitola europeia em centros populacionais presentemente não servidos por comboio

Esta é, creio, uma solução adequada à nossa realidade. Seguramente que o custo da linha de TGV Lisboa-Madrid pagaria este projecto, pelas menores exigências na construção da linha. Idealmente, o que eu gostaria de ver num futuro a longo prazo era a subsittuição das linhas de passageiros mais saturadas por um canal para comboio magnético :)) Era uma tecnologia que creio seria adequada ao perfil do nosso território. Mas isso são sonhos. Como o TGV é para alguns...

Cumprimentos,
Daniel Rodrigues

PS: certamente contarei com o António Alves para aperfeiçoar estas ideias, (por exemplo, em vez de um, dois pontos nevrálgicos? Entroncamento e Aveiro em vez de Pampilhosa?).
PS2: certamente contarei com os restantes para começar a pensar fazer um lobby sério por uma estratégia de transporte ferroviário, focando-se no essencial: o transporte de mercadorias e o transporte de passageiros em curta/média distância.
PS3: como referência, a estratégia suíça, denominada Rail2000: votada em 1987, agora já na segunda fase: (francês/alemão ou italiano).