De: Rui Valente - "É assim tão difícil Tiago?"
Para não nos enredarmos em confusões estéreis sobre as mudanças estruturais do sistema e dos diferentes processos para o conseguir, talvez seja mais sensato começarmos, desde já, por admitir a falibilidade de todos eles. Ponto. Mas a questão não é essa, Tiago. A questão é: podemos nós continuar a confiar num regime político completamente descredibilizado, onde as regras são sistematicamente desrespeitadas pelos seus mais altos responsáveis?
Meu caro Tiago, eu não lhe sei dar qualquer resposta razoável às suas dúvidas enquanto este patamar de deveres institucionais não for resolvido. Para si podem não ser relevantes, mas para mim são condição sine qua non! Não gosto de ser vigarizado por ninguém e por políticos ainda menos, por isso compreenderá que não pertenço propriamente àquele grupo de pessoas que não se importam de dar tiros no escuro a vida inteira. Para mim, o período de graça com a política portuguesa chegou ao fim, por isso estou aberto a qualquer mudança mesmo sem saber se vai resultar. Como ainda não experimentei e gosto de ser positivista, devo admitir que pode resultar. Foi assim que interpretei a minha adesão à Regionalização, que (ao contrário de muitos "optimistas" da nossa praça) só tarde e a más horas decidiram aceitá-la... De resto todas as propostas são boas desde que a população toda beneficie com elas, mas isso até agora é mentira.
Trinta e quatro anos de democracia à La Lisbonnaire, deram-me, isso sim, a garantia de que este regime não me serve! De mais a mais, quando olho para trás e começo a verificar que o Porto teve - apesar dos pesares - mais autonomia e poder no regime salazarista. Pois é, ninguém diria, mas isso já é uma realidade apesar da "gorjeta" das liberdadezinhas "democráticas"...
Depois, bem, depois, há uma coisa que me parece não estar a ser tida em linha de conta pelo Tiago e que para mim é fundamental: eu não gosto nem um bocadinho de ser tratado como português de segunda, nem tão pouco de ser desrespeitado enquanto cidadão. Ora, é isso que sinto que me estão a fazer e como não gosto, não lhes perdoo, por isso só me resta fechar-lhes a porta. Definitivamente. Desta gente não quero, nem espero nada de bom!
Espero, desta feita, ter-me feito entender.
Um abraço
Rui Valente