De: Pedro Aroso - "A única solução"
A intenção de Rui Rio demolir as torres do Aleixo não me surpreende. Alguns países europeus passaram por experiências semelhantes, quando se aperceberam que certas tipologias de habitação social do pós-guerra eram manifestamente difíceis de gerir, criando condições propícias para o aparecimento de focos de delinquência. Viver em condomínio nem sempre é fácil, mesmo quando o nível cultural e social é elevado. Imagino que esse tipo de problemas seja bastante mais agravado em edifícios habitados por sectores da sociedade mais desfavorecidos economicamente.
A demolição das torres, cujo projecto é da autoria de um bom arquitecto (não vou dizer o nome), parece-me inevitável. O que não deixa de ser curioso, é verificar a contestação à deslocação dos moradores para outra zona da cidade. Recorde-me bem do tempo em que admitir que os moradores da Ribeira pudessem ser transferidos para outro local era uma verdadeira heresia. O argumento então invocado era sempre o mesmo: “Arrancar dali os moradores seria desenraizá-los, com a consequente perda da sua identidade”. Nas últimas décadas, uma boa parte dessa população tem vindo a migrar, por sua iniciativa, para outras freguesias e até mesmo para concelhos vizinhos do Porto, e não me consta que isso tenha provocado grandes traumas. No caso do Aleixo, acabar com aquele gueto e integrar os seus habitantes na cidade parece-me ser mesmo a única solução.