De: Pedro Vilalão - "Os «encravamentos» da região"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-16 17:33

Caro Tiago

Começo por desculpar-me, por ter interpretado (mal) os seus apelos como tentativas de "atalho".

No artigo anterior, não tive qualquer pretensão de oferecer soluções para os actuais problemas do Porto (fossem elas abstractas ou de teor mais prático). Apenas apresentei uma opinião sobre o perigo de se usar um caso para generalizar a questão do "encravamento".

Na generalidade concordo com as suas sugestões, mas sempre numa perspectiva menos ambiciosa, com projectos focalizados, objectivos a médio longo prazo, alavancados por conjunturas politicas/económicas mais favoráveis. Discordo um pouco na abordagem legal, acredito que a única forma de levar os projectos para a frente, pelo menos até 2009, é seguindo as regras ditadas pelo poder instituído. Adoptar a postura perdedora de anteriores iniciativas é dar azo a crispações que só servirão o propósito desse poder, esquivar-se dos projectos estruturantes no Porto.

Discordo, no entanto, da sua visão no que toca ao "Capital de Risco". O Norte, e particularmente o Porto, tem uma maneira de estar muito peculiar e muito conservadora, os empresários não fogem à regra. Tenho a certeza que a maioria das empresas já ficou vacinada aquando do BOOM da Internet e das empresas ponto.com. Muitas dessas empresas (Salvador Caetano, Grupo Amorim, Sonae, etc) ainda hoje tentam livrar-se desses contrapesos que foram os investimentos no chamado "vapor-ware" que ia dar milhões de retorno. Agora só o tempo e uma conjuntura económica mais favorável permitirão que retomem a confiança nesse tipo de investimentos.

Votos de bom fim-de-semana
Cumprimentos
Pedro Vilalão
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Nota de TAF: Caro Pedro, concordo integralmente consigo quanto à necessidade de "projectos focalizados", por oposição a uma abordagem "generalista". Não percebi completamente quando se referiu à "abordagem legal": seria em relação à fusão de municípios? Quanto ao "vapourware", as empresas em causa têm toda a razão em se arrependerem do investimento e da "bolha", que agora ameaça voltar com os delírios da "Web 2.0". Contudo, os investidores a sério não apostam quando o mercado está em alta, investem é na baixa. ;-) Mas nem só de economia em sentido estrito vive a região: por que é que nada disto funciona cá? É falta de visão estratégica dos nossos gestores e investidores, também. Bom fim de semana!