De: Cristina Santos - "As vítimas civis"
Um partido para funcionar necessita de colaboradores, que devem ser remunerados pelos serviços prestados. Quanto melhores forem os colaboradores mais hipóteses tem o partido de ganhar as eleições. Tal e qual num contrato público. Retirando esta parte, para que necessita um partido de militantes? Para garantir apoio nas eleições. É um apoio digno e justo democraticamente? Ou é semelhante a ter num júri de concurso pessoas que pertencem à empresa concorrente ou até são seus familiares? Creio que é o mesmo, quanto maior for o número de militantes menos expressão tem a vontade comum.
A militância, Tiago, no teu caso e de outros cidadãos como tu, é-nos útil porque poderá mostrar o lado honesto de toda esta situação, poderá demonstrar que efectivamente a militância se justifica, ou vir a demonstrar que não tem proveito nenhum para a causa comum. De resto em termos gerais militar porquê? Vão fazer alguma revolução? Vão fazer mais do que é sua obrigação enquanto concorrentes a gestores da coisa pública? Têm alguma causa em particular que não esteja já definida na constituição? Ainda entendo que alguns militem pelos Nacionalistas, afinal esses são contra os direitos humanos em vigor, mas pelo PS, pelo PSD, pelo CDS, justifica-se? Se fosse para participar na vida política e não fosse o topo que definesse a estratégia, ainda era aceitável, mas a maioria milita e não participa senão com o sentido auditivo, então milita para quê? para cargos alguns, e os outros só podem estar afectados pelas antigas causas do 25 de Abril.
Que me perdoem os militantes partidários desta cidade, mas se militar é realmente alguma coisa além de aplaudir o topo, se têm algum poder nos partidos em que militam, então levantem-se contestem os vossos partidos, exijam, manifestem a V. discordância com a situação do Norte, façam o teste e verifiquem que nada podem na associação que à custa de todos vós progrediu. Posso estar completamente enganada, mas parece-me óbvio que não há razões ou causas, que não sejam a subversão da democracia, para tantos militantes nos partidos que alternam no poder e isso impede a mudança de rumo, torna «fraudulentas» as vitórias e faz depender o êxito da governação da existência de maioria, e a isto tudo somado ninguém poderá chamar democracia.
Cristina Santos