De: Pedro Vilalão - "As (suas) opções"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-16 15:07

Caro Tiago,

Permita-me tecer algumas observações aos seus artigos e o Tiago tomará a liberdade de as publicar ou não.

Quer-me parecer que está a extrapolar a questão do empreendorismo do Porto para o seu caso pessoal. Começo por expor alguns factos para falarmos a mesma linguagem:

1) o Porto não tem (nem terá) o mesmo número de oportunidades profissionais que existem em Lisboa (mas o que dirão as restantes capitais de distrito);

2) existem oportunidades profissionais interessantes no Porto, para citar algumas empresas: Bial, Sonae, Soares da Costa, Salvador Caetano, Grupo Amorim, etc;

3) os salários no Porto, excepto em cargos estratégicos, são muito inferiores a Lisboa;

Partindo destas três premissas, julgo que aquilo que o Tiago pretende seja uma oportunidade interessante no Porto (num cargo estratégico), coloca portanto a priori condicionalismos a nível de salário e função. Se estes condicionalismos em Lisboa seriam já redutores, imagine aqui no Porto. É claro que há sempre atalhos... (julgo que é isso que procura com os seus apelos - e esta observação pode retirar se assim entender)

A segunda ideia com que fico é que o seu cenário ideal seria obter financiamento para um dos seus projectos, o que levanta outra questão, o facto de me parecer que não coloca a hipótese de os seus projectos aos olhos de financiadores privados poderem ser vistos como pouco interessantes numa perspectiva de retorno de investimento. Trabalho na mesma área que o Tiago, e todos os dias me brindam com ideias "que vão mudar o mundo" e permitir independência financeira dos candidatos a empreendedores, no entanto, temo que ainda não tenha visto ninguém a ficar independente à custa das supostas ideias revolucionárias. O Tiago tem inclusivamente já experiência passada com iniciativas do mesmo género, projectos louváveis, mas não reconhecidos como tal por potenciais financiadores. Não estou a isentar de financiadores de responsabilidades, mas por vezes temos de adoptar estratégias menos directas para chegar aos nossos objectivos.

Repare compreendo os seus anseios, eu também queria fazer aquilo que mais gosto e ser pago por isso, mas quando preciso de fazer as minhas compras no supermercado ou pagar as contas no final de cada mês, não me aceitam pagamentos em árvores de costados ou estudos de famílias. Vá-se lá saber porquê ;)

Boa sorte na sua empreitada

Cumprimentos
Pedro Vilalão