De: Cristina Santos - "Quando no Porto não houver militância haverá democracia no país"

Submetido por taf em Sábado, 2008-07-05 17:55

A militância destrói a equidade. Retira ao Homem a visão geral, tornando-o especial interessado numa vitória particular dos interesses que os partidos representam e que não são mais que a soma dos interesses dos particulares que os financiam. Quanto maior o número de militantes, menos expressão há para a vontade geral do país. O militante tende a ver no partido uma garantia de um proveito qualquer, que não é geral, mas sim dele particular.

À medida que os partidos se tornam mais gordos e prósperos, aumenta a nossa crise. Quanto mais crescem mais difícil é para nós povo alimentá-los, mais difícil é expressar a nossa vontade, nada podemos contra milhões, que querem à nossa custa lugares refastelados, poderes, direitos. Que obrigação nós temos de alimentá-los, ou teremos nós todos que nos filiar num partido para ao menos receber alguns benefícios da liberdade individual que entregamos em nome da democracia?

O PSD e o PS em Portugal anulam qualquer esperança democrática, porque os militantes não são livres, são livres dentro do seu partido, mas não livres na liberdade democrática que se pretende atingir. É vê-los no parlamento a fazerem muros em função do partido e não em função do bem geral que deviam defender. Não é necessário ser perito para chegar a essa conclusão, é suficiente ter assistido às últimas entrevistas dos 2 grandes líderes para verificar que se tratam de 2 grupos muitos semelhantes entre si e com poder para subjugar a maioria da população, que é enganada e levada a votar não pelo bem comum, mas sim pelo bem que os partidos em que militam representam, bens e interesses particulares, que crescem todos os dias. Associam-se para ter poder, fazem da democracia um poder fraco.

A regionalização é uma machadada que pelo menos cortará a meio esses grupos soberanos que vivem à custa de quem milita e quem milita subjuga os outros, aqueles que trabalham par a par, os militantes são cegos, aplaudem coisa nenhuma, não percebo como podem deixar-se subjugar dessa maneira, são claros os interesses particulares que os grandes partidos defendem. O Norte pela sua história, pelo seu carisma, pela sua conduta de pouca vassalagem há-de emergir na regionalização e criar estruturas pequenas que se adaptem às condições do nosso território e dos nossos habitantes, há-de cortar a meio o polvo e depois de cortado será mais fácil fazer a democracia.

Já pensei entrar num partido para tentar ajudar de alguma maneira a alterar a situação, pedi a todos estatutos e fichas, pediam-me um proponente, um espécie de padrinho, como se eu por mim própria não tivesse certeza do que pretendia fazer e necessitasse de acompanhamento. Liguei para todos dizendo que não aceitava isso, desvalorizavam esse facto, diziam que me arranjariam um proponente, sem nunca compreenderem que não necessito de proponentes, nem de orientadores. Até hoje não me filiei em nenhum, não penso fazê-lo tão cedo, embora às vezes como o Tiago sinta que sem um partido não poderei fazer nada, mas acima disso está a minha liberdade de puder ver coisas boas e más em todos os partidos e poder dar a minha opinião sem palas, sem clausuras, até ao dia em que no Norte se trace um novo rumo para este país que se quer independente e livre. E um dia os milhares de militantes compreenderão que nem todos podem ter tachos e que os Homens livres deste país que alimentam essa enorme cozinha foram aqueles que até lhe garantiram a paz, e é do lado dos livres que está a conveniência da democracia.