De: José Rocha - "Sobre a «Portofobia»"
Aproveito para, sob aquele título, responder aos caríssimos António Alves e Rui Valente.
O que escrevi aqui, procurou, tão-só, chamar a atenção para a excessiva dramatização que um facto normal, num país de direito, me pareceu provocar ao Vítor Pereira. Eu gosto e acompanho o desporto em geral e interesso-me, em particular, pelo futebol, incluindo a sua componente económica e social. Por ser assim, não posso, nem quero, confundir clubes com cidades. Por isso, entendo que Boavista e Futebol Clube do Porto, não são a cidade do Porto. Como Sporting e Benfica não são Lisboa. E os Vitórias não são Guimarães ou Setúbal. Nem o Leixões é Matosinhos.
Basta pensar na heterogeneidade da simpatia clubística, para concluir pelo enorme erro que seria uma atitude “xenófoba”. Em Lisboa existem simpatizantes de clubes externos à cidade. Tal como acontece no Porto. O respeito pelos cidadãos é mais geral e, por isso, mais importante do que o respeito pelos simpatizantes de um clube. Ou seja, o símbolo-guia nunca poderá ser um clube e os seus simpatizantes, mas sim uma cidade e os seus cidadãos. E isso só acontecerá se existir uma clara não subserviência ao mundo particular do futebol.
Por outro lado, não pertenço ao grupo dos que confundem o Norte com a cidade do Porto. Assusto-me sempre que numa – perdoem – manifestação de inferioridade se julga que o Norte poderá ser trucidado por Lisboa ou por um qualquer Governo. Tal só acontecerá se, em lugar da lucidez das propostas e da força reivindicativa das suas realizações, se tentar usar – erradamente, em minha opinião - o sentir clubista como a mola real da exigência de um tratamento condigno.
Cumprimentos
José Rocha