De: Osso - "Queima(r) os Sonhos"
O que foi ser estudante? O que é, actualmente, ser estudante?
O que foi o traje académico? O que é, actualmente, o traje?
Sendo que as diferenças entre o passado, o presente e o futuro são imensas, o que serão as Queima das Fitas (ou outros que tais com diferentes nomenclaturas) nos dias de hoje?
Será a Queima algo mais do que uma semana de sonhos?
O sonho de um curso, (em muitos casos) com a realidade do desemprego.
O sonho do sucesso, mas no fundo um penoso dia-a-dia.
O sonho do desenvolvimento, na verdade sendo sempre e cada vez mais os últimos.
No fundo, a Queima não passa de uma semana de ilusões. Uma semana que outrora teve influência em termos de pensamento e cultura, não é mais do que um tempo dedicado ao álcool, amigos e muito pouco mais. Nos dias que correm os eventos culturais da Semana Académica são muito pouco concorridos (poucos serão os universitários que saberão que eles existem). Contudo, e independentemente da crise ou do preço dos bilhetes, o "queimódromo" está invariavelmente cheio. Neste espaço os concertos musicais prolongam-se pela madrugada, mas o recinto apenas encerra algumas horas, e já quando o sol se levanta, após os últimos acordes. O álcool acaba por ser o refúgio para mais umas palavras e para procurar a alegria.
Os resultados acabam por ser lucro para a organização (independentemente da crise, pois o que interessa é festejar) e prejuízo para o futuro. Prejuízo?!? Claro que sim! Quantos condutores ao longo da semana foram interceptados pela polícia com excesso de álcool? Pelas notícias (que ouvi) não devem ter ultrapassado a meia centena. Os comas alcoólicos são às dezenas, pelas urgências dos diversos hospitais. Sensação de inoperância da autoridade (e repetição de comportamentos no futuro) e vulgarização do acto, pouco falado por cá, de "Binge Drinking".
Será que alguém pensará nas consequências futuras de eventos nestes moldes? Não estará na altura de repensar a Queima? Não estará na altura dos estudantes voltarem a "pensar"?
Texto também publicado em A Culpa é do Médico.
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Nota de TAF: o autor do texto, apesar de se ter identificado perante o moderador do blog, prefere manter publicamente o anonimato adoptando um pseudónimo.