De: Pedro Bragança - "O mote do Mercado - Porto Redux"
Muitas iniciativas se têm vindo a juntar por causas, temas, preocupações ou razões que um grupo de pessoas considera interessante ou motivadora; este Porto Redux é uma mais, provavelmente; no entanto, como me sinto particularmente envolvido nele parece-me oportuno avançar no debate.
O Mercado do Bolhão tem vindo a ser profundamente discutido e com boas ideias, ou não, é positivo constatar que a cidade se envolve com pretextos e vontades expressas – aquele elemento morto, desligado, oculto, fechado que nos fazem crer ser o Porto é, então, cada vez mais um mito e prova está feita, também, no exemplar funcionamento deste sítio, que felicito. Inútil será – parece-me – neste momento, estar a assumir uma postura crítica perante a CMP, SRU ou TCN, ou ficar por aí, apenas. A cidade avança e propõe acreditando que a insatisfação ou contestação por si só de muito pouco valem para serem acreditadas.
Muitos argumentos existiriam ao debater o conteúdo da ideia da empresa holandesa – como a in/oportunidade do novo programa, o parque de estacionamento, o in/significado da operação de cosmética – no entanto, no fim dos três seminários organizados pela Porto Redux, foram desmistificados alguns preconceitos próprios das falsas pretensões de modernidade. O Arq.º Manuel Correia Fernandes afirmou, a certo momento, que o melhor modelo de parceria publico-privada para o Mercado estava fundado desde o século XIX, quando aquele espaço começou a formar-se como um de comércio regulado por uma entidade pública. É fundamental pensarmos nisto, antes de mais – os nossos desejos de evoluirmos e de nos tornarmos parecidos com as cidades que estão em estádios bem mais confortáveis que o nosso não nos podem confundir ou perturbar do que é óbvio – uma parceria publico-privada para o mercado do Bolhão é, e só deve ser, uma intima correlação entre cidade pública, comerciante regional privado que, por si, estabelece a entrada da produção rural no mercado de venda. Não quero dizer que não me parece viável a entrada de outras funções, de novas lógicas e dinâmicas, não sou sequer capaz de me afirmar contra (ou a favor) da demolição integral do edifício - como propunha hoje Anni Gunther; digo antes que, de alguma forma, temos que saber ser coerentes e questionarmo-nos. Parece-me absolutamente lógico que aquele quarteirão 'não seja apenas do Porto, mas o próprio Porto', parafraseando Manuel António Pina.
O que transcender isto, pode ser interessante (quem saberá?), mas não lhe chamem mercado, muito menos Bolhão…