De: José Rocha - "A Ponte Móvel em Matosinhos e o 25 de Abril"
O 25 de Abril recorda-me a canção de Sérgio Godinho onde se diz que só há liberdade quando houver Paz, Pão, Saúde e Habitação. Cumpridos 34 anos, podemos concluir que grande parte desses objectivos estão concluídos. Nuns casos, em menor grau do que noutros, mas bem melhor do que existia antes daquela data.
É por isso natural que as preocupações dos portugueses se dirijam, hoje, para outros aspectos que nos coloquem a par dos países mais desenvolvidos da Europa a que pertencemos. Assim, aproveitando o magnífico dia, resolvi atravessar, a pé, a nova ponte móvel que liga Leça da Palmeira a Matosinhos. Apercebi-me, então, de dois erros de concepção que a habitual falta de reflexão dos responsáveis – Câmara de Matosinhos e APDL - determinou.
Em primeiro lugar, o agreste declive que dificulta aqueles que tenham dificuldades motoras, seja por razões de idade, defeito físico ou locomoção em cadeira de rodas. Verifiquem o declive nesta foto:
Em segundo lugar, a não incorporação de uma zona para velocípedes. O que conduz a dois tipos de problemas. Um, de falta de segurança para os peões que atravessam o seu local obrigatório, conforme o sinal colocado no início da ponte. É que as bicicletas são companhia permanente na travessia. Que não tem condições para albergar peões e velocípedes, em simultâneo. Inexplicavelmente, a circulação é aceite pelos agentes da Prosegur que fazem vigilância. Referem que não é proibido aquele trânsito! Nem têm instruções para o proibir!
Outro problema coloca-se com a dificuldade de circulação dos veículos nas suas faixas de rodagem, quando os velocípedes circulam no local mais adequado ao seu movimento. Nomeadamente, na subida a circulação não se faz a mais de 10 Km/h ou, então, terá de ser desrespeitado o traço contínuo que divide as duas faixas.
Infelizmente não há solução para os erros de concepção. É pena. Se devemos bastante ao poder autárquico trazido pelo 25 de Abril, lamento muito que este continue a fazer tábua rasa de um planeamento capaz que permitiria obras de uma maior qualidade sem agravamento de custos. É que o faz e desfaz, típico das decisões dos nossos responsáveis nacionais e autárquicos, é muito mais pesado aos bolsos dos portugueses.