De: F. Rocha Antunes - "Esclarecimentos de um especulador imobiliário (?)"

Submetido por taf em Quinta, 2008-04-24 17:10

Caro Sérgio Caetano

A ideia de que no Bolhão mandam os que lá estão é a melhor que vi até hoje sobre o mercado. Sugiro que lhes peça, aos que lá estão, que resolvam o problema sozinhos e que dispensem as contribuições de fora, desde os malvados dos capitalistas aos massacrados dos contribuintes. Isso é que era um progresso, que o Bolhão se resolvesse sozinho. Basta que as dezenas de milhares de subscritores do movimento passem a gastar dez euros por semana lá que tudo se resolveria. Mas, como todos sabemos, é mais fácil assinar uma coisa que praticá-la. Temos é que proteger-nos dos interesses, isso é que importa!

Eu sinto uma pressão enorme da sociedade civil do Porto contra a entrega do Bolhão sem estar movida por nenhuma espécie de interesse próprio: essa pressão começa no arquitecto que quer fazer o projecto que lhe encomendaram e que acha que é o único que serve (se eu fosse o autor também era capaz de pensar isso), continua nos jovens familiares do mesmo arquitecto e nos seus amigos que criaram espontaneamente um Movimento, têm o alto patrocínio de um Professor de Arquitectura que não tem qualquer interesse partidário na matéria, prossegue nos alunos desse Professor que não têm qualquer interesse em lhe agradar, estende-se a uma Associação de Comerciantes, não os do Bolhão, mas a do Porto, que é reconhecida pela sua falta de interesse nos consumidores, é apoiada pelos partidos que não têm qualquer interesse em que se relembre o que em tempo disseram sobre a necessidade de se dar uma solução ao Bolhão e vai desembocar nessa pérola do direito português que é a providência cautelar.

Agora, a entrega de uma garantia bancária de um valor substancial por uma empresa que venceu um concurso público é que é um acto duvidoso! Que raio de gente é esta que até se atreve a ir ao edifício da Câmara fazer essa entrega? Então eles não percebem que estamos todos a ver? Mesmo os que pelos vistos percebem muito disto? Já não há vergonha.

Francisco Rocha Antunes
Pelos vistos, especulador imobiliário*

*a única definição de especulação imobiliária que encontrei é demasiado má, tecnicamente falando, para merecer ser aqui transcrita

PS – A aparente discrepância entre as notícias sobre o Igespar não é tão anormal quanto sugere: é regra comum os projectos mais complexos antes de serem formalmente submetidos sejam objecto de apreciação prévia. Chama-se a isso bom senso.