De: David Afonso - "Porto, Gaia e etc."

Submetido por taf em Quinta, 2008-04-17 01:19

1. A propósito desta notícia, o TAF enaltece a "fusão sectorial". Não posso deixar de subscrever esta opinião e ainda a levo mais longe. Nesta outra notícia ficamos a saber que não só o parque escolar de Vila Nova de Gaia se encontra sobrelotado, como também está em marcha um plano para se construírem mais oito novas escolas. Perante números que indicam que neste concelho existem dez escolas com taxas de ocupação superiores a 100%, entre as quais encontramos a Escola Secundária António Sérgio ocupada a 213,3%, parece mesmo não haver outra alternativa. Todavia… quando olhamos para o lado do Porto a realidade não podia ser mais diferente. Em poucos anos encerraram três escolas secundárias do centro do Porto: a Escola Secundária Oliveira Martins (o edifício alberga agora os alunos da Soares dos Reis e não faço ideia do que se passará com edifício desta); a Escola Secundária Rainha Santa Isabel (cujo edifício foi ocupado pelos burocratas da DREN) e a Escola Secundária Carlos Cal Brandão (já agora: era tempo de o site da CMP actualizar esta informação). Por um triz e à revelia do desejo da autarquia, safou-se a Escola Secundária Carolina Michaelis que se encontra agora sobrelotada e que vai sofrer obras de ampliação e beneficiação dentro em breve. Por estranho que pareça, a entidade que gere as escolas de um lado e de outro do rio é a mesma, a DREN. A "fusão sectorial" existe, portanto. No entanto, a gestão dos recursos é feita segundo a lógica do concelho. Pergunto se seria tão descabido drenar o excesso de alunos existente em Gaia para as escolas vazias do Porto. Reparem que o Rainha Santa tem uma estação de metro praticamente dentro dos seus portões e que hoje se faz o trajecto entre as duas margens em poucos minutos. O que me parece irracional é que se fechem e se construam escolas em função da conveniência dos concelhos, quando na prática os cidadãos vivem o Grande Porto. Já para não falar do que não se pouparia…

2. Continuando neste tema tão caro ao TAF – o da fusão Porto-Gaia – pergunto se não seria mais razoável canalizarmos as nossas energias para fins mais operacionáveis. A ideia é sedutora mas o melhor é começarmos pelo mais básico. A Ponte D. Maria Pia é um magnífico monumento partilhado pelos dois municípios que, sintomaticamente, se encontra deitado ao abandono. Ora, se não formos capazes de tomar conta desta ponte, também não seremos capazes de gerir outros interesses comuns. Propunha que se tomasse a reabilitação da Ponte D. Maria Pia como o primeiro passo a dar pelo movimento para a fusão Porto-Gaia. Se falharmos nisto, mais vale estarmos quietos. Creio que já existe uma «Associação dos Amigos da Ponte D. Maria Pia». O que faz falta é dar-lhe visibilidade e manter o assunto na agenda mediática, política, económica e cultural. O que a D. Maria Pia precisa é de um lobby e acho que o «A Baixa do Porto» está particularmente vocacionado para este tipo de missões. Se um dia a ponte vem abaixo a vergonha será de todos e não apenas dos responsáveis políticos.

3. Afinal de contas, a Quercus-Porto não vai poder contar com a presença de Jaime Lerner já que, por motivos de ordem pessoal inadiáveis, o arquitecto teve de cancelar a sua vinda a Portugal. Fica, no entanto, aberta possibilidade de uma visita ao Porto ainda no ano de 2008. Em todo o caso, garantimos que a programação alternativa também será de grande qualidade. Por exemplo, já para este Sábado garantimos nas Jornadas Quercus de Arquitectura Sustentável (ver também aqui): Arq.º Miguel Nery (OASRN); Eng.º Ricardo Sá (Edifícios Saudáveis); Arq.ª Inês Cabral; Arq.ª Livia Tirone (Tirone Nunes, Arquitectura); Prof. Manuel Duarte Pinheiro (LiderA); Arq.º Carlos Coelho e F. Rocha Antunes (que já conhecem cá desta casa). Recordo que as inscrições fecham já amanhã.

Cumprimentos
David Afonso
davidafonso @quintacidade.com

--
Nota de TAF: Infelizmente parece que a "fusão sectorial" das freguesias foi um mal-entendido do jornal, e que a situação é bastante diferente. Quanto à Ponte Maria Pia, é boa ideia e poderá até ser alvo da atenção coordenada dos promotores do imPORTO-me. É um bom tema de conversa para o jantar do dia 24. :-)