De: Vítor Pereira - "Qualidade de vida?"
Era uma hora da manhã. Passava pela Av. Fernão Magalhães, junto à Igreja das Antas, e na Alameda do Dragão, num relvado molhado pela chuva, se encontravam umas bicicletas caídas. Uns lampiões davam alguma (escassa) iluminação. Umas camisolas delimitavam as balizas e um grupo de 6 rapazes jogavam à bola. Talvez eles não saibam que aquele relvado que pisavam foi o primeiro "piso" do estádio onde jogam habitualmente os seus ídolos.Mas, mais grave do que isso, é que eles certamente não sabem que à noite se deve dormir (pelo menos nas suas idades, que provavelmente se situam entre os 10 e 13 anos). Não sabem que nos dias que correm a rua não é o melhor local para dar uns pontapés na bola.
Infelizmente há outras coisas que eles já aprenderam. Entre elas, que não existem (à disposição e em quantidade suficiente) locais para a prática desportiva no Porto ou noutras cidades portuguesas. Que estão ali, a jogar futebol, para não estarem em casa a "aturar" um pai alcoólico ou na rua "dominada" por drogados e traficantes. Que é melhor jogar naquela hora porque o movimento é menor e por muitos outros factores que provavelmente nem o meu mais elaborado raciocínio conseguiria desvendar.
Avaliações à parte, este não é um tipo de situações que se possa citar como exemplo (positivo). Mas com ela se pode pensar em melhorar o futuro e a sociedade. São pequenos gestos que podem fazer a diferença. Em idade tão tenra o desporto é fundamental, e não deve ser exclusivo das mais diversas colectividades ou clubes. Câmaras Municipais e Governo também têm uma palavra a dizer sobre o que fazem as crianças e adolescentes nos "tempos mortos". Este acaba por ser um exemplo do que não há (infraestruturas desportivas) e pode ser criado num curto ou médio prazo.
Com os melhores cumprimentos,
Vítor Pereira