De: Daniel Rodrigues - "Indignação"
Este artigo é incrível. Chamo a vossa atenção para esta frase em particular:
«António Costa, o presidente da Câmara de Lisboa, afirmou ontem que a nova ponte vai aumentar o número de viaturas em Lisboa, o que "exige compensações mas sobretudo uma nova política de promoção do transporte público".»
Compensações por causa de quê?
«Regressaram as grandes obras públicas. Ponte, grande velocidade em comboio, aeroporto e estradas prometem, no mínimo, investimento em betão da ordem dos 20,5 mil milhões de euros, qualquer coisa como 12,5% do valor dos bens e serviços produzidos o ano passado em Portugal. A concretizar durante os próximos cinco anos.»
Ou seja, Lisboa tem de ser compensada pelo investimento feito em Lisboa. Sou apenas eu, ou isto é completamente desconcertante? Penso que esta, perdoem-me o termo, orgia de investimento centralista se tornou completamente esquizofrénica, e sobretudo, ultrapassou os limites da decência em relação aos cidadãos de todo o país! Como nota pessoal, num encontro com algumas pessoas da nossa capital imperial, falei da minha teoria idílica de ter todas as capitais de distrito interligadas por via dupla ferroviária. Um olhou para mim: O que é isso via dupla? Felizmente um colega de Leiria pode atestar que não era o meu bairrismo o culpado pelo discurso exaltado Norte Sul, esclarecendo que existem outras zonas do país onde o progresso estagnou no início do século, exemplificando com a linha do Oeste e a sua via simples. Naturalmente, este 'alfacinha' desconhecia tal realidade...
Os limites de qualquer bom-senso estão, a meu ver, ultrapassados. Creio que podemos afirmar que estamos completamente por nossas próprias mãos. Por este motivo lanço o repto a quem tem experiência na área para criar um fundo de investimento (muito alto risco) 'Portugal Norte' dedicado a investimentos não só em empresas do Norte, mas, sobretudo, infraestruturas. Ou seja, contar que o dinheiro que se investe terá um retorno provavelmente a apenas muito longo prazo. E digo isto porque, sinceramente, dinheiro de impostos e da Europa, podemos ter a certeza: nem vê-lo. Se dos perto de 2 milhões de habitantes da zona metropolitana do Porto 10% investir 50 euros por mês (suponho que mais coloquem um valor superior em outros fundos), teremos 240 milhões de euros por ano de investimento garantido na região Norte. Não permitirá fazer um novo sistema de metro, é certo, mas é um passo. No fundo, é um 'imposto voluntário' no qual temos uma palavra a dizer. E sobretudo, do qual sabemos onde vai ser investido.
Pense-se nisso... as ferramentas financeiras não são assim tão impossíveis. Aliás, existe um Banco ainda com sede social no Porto, que pode mostrar a sua responsabilidade social (regional) conduzindo este processo, e arriscar-se a ter mais um produto de grande sucesso. No fundo, se há fundos dedicados a Angola, Brasil, Portugal, Reestruturações, porque não um Fundo Norte?
Cumprimentos, ainda indignados e fazendo das tripas coração,
Daniel Rodrigues
PS: Obviamente, continuando a reivindicar a parte dos nossos direitos que parecem cada vez mais longínquos: temos de usar este 'boost' financeiro adicional para o Norte para continuar a aumentar a nossa capacidade negocial e ter a quota parte justa dos dinheiros comunitários (quer 'comunitário' corresponda à comunidade europeia ou portuguesa, leia-se, impostos)