De: Pedro Aroso - "Finalmente!"
O meu colega Luiz (com z) Botelho Dias e eu resolvemos aproveitar o dia de ontem para andar no Metro do Porto (coisa que ainda não tínhamos experimentado). Como este meio de transporte não serve a zona ocidental da cidade, subimos a Boavista e deixámos o carro nas traseiras da estação da Casa da Música.
Afinal, foi fácil comprar os bilhetes. A explicação da funcionária também não deixou margem para dúvidas. Na Trindade, mudámos de linha e seguimos em direcção ao Corte Inglês (que também não conhecíamos).
No regresso, era nossa intenção sair na Av. dos Aliados e dar uma espreitadela, mas acabámos por não o fazer. Quando cheguei ao escritório e vi anunciada para as 21:30 a "inauguração" dos novos Aliados, com a presença do Arq. Álvaro Siza, achei que não podia faltar...
Primeiras impressões
Tenho dito repetidas vezes que não gosto de me pronunciar sobre obras inacabadas. No entanto, abri uma excepção defendendo, desde o início, este projecto dos arquitectos Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura. Aguardava, por isso, com grande expectativa, o resultado final. Aqui vão as minhas primeiras impressões:
1. Por aquilo que me foi dado ver no projecto, tinha a ideia que iria encontrar um maciço de árvores mais denso. Obviamente, essa leitura será corrigida quando as árvores já plantadas atingirem o seu estado adulto.
2. A presença da fonte não é tão forte como esperava, porque está enterrada e, como muito bem referiu a Cristina Santos, é preciso aproximarmo-nos para ver a água.
3. Devo dizer que também fiquei surpreendido por não ver a fonte iluminada, por isso perguntei ao Arq. Siza se nunca lhe tinha ocorrido essa hipótese. Como é seu hábito, respondeu-me laconicamente: "Não. A luz dos candeeiros é suficiente".
4. Houve um estudante de Arquitectura que interpelou o Dr. Rui Rio, perguntando-lhe porque motivo a CMP não promove concursos abertos a todos os arquitectos. Esse estudante, que hoje descobri ser o Luís de Sousa, ouviu do Dr. Rui Rio uma resposta com a qual estou em total desacordo mas, tal como tive oportunidade de lhe dizer na altura, neste caso a história é bem diferente. Se bem se recordam, houve um concurso para a construção do Metro do Porto, que incluía não só a empresa construtora, como também os projectistas. Esse concurso foi ganho pelo consórcio em cuja equipa estava integrado o Eduardo Souto Moura que, por sua vez, convidou outros colegas para trabalharem com ele.
5. A vista a partir da Praça da Liberdade é magnífica, deixando claramente a sensação que a Av. dos Aliados "cresceu"!
6. O Francisco Rocha Antunes, que também esteve no local, chamou-me a atenção para um aspecto muito importante: a maioria dos edifícios que ladeiam a praça, estão desocupados. Imaginem a Broadway em Nova Iorque, ou as Ramblas em Barcelona, com os edifícios todos abandonados? A "cor" e o "entusiasmo" que o jornal Público diz faltarem no coração do Porto, não pode ser atribuída só ao granito...
Pedro Aroso
PS: Acabei por jantar no café Guarany, onde encontrei o Dr. Paulo Morais, que teve e gentileza de me convidar para passar pela Feira do Livro no próximo sábado, onde estará presente para autografar o seu livro. Lá irei, com todo o gosto. Estou certo de que este convite é extensivo a todos os habituées da Baixa.