De: Luís Gomes - "Viver na Baixa"
Nos últimos dias tenho estado atento às últimas notícias que vieram a público sobre os concursos públicos para a intervenção no quarteirão do Corpo da Guarda, Cardosas e D. João I. E fico angustiado, pois é com muita pena que, no caso deste último concurso, foi ganho por um fundo imobiliário do BCP. Interrogo-me, eu e outros jovens solteiros licenciados, que não têm capacidade económica para arrendar ou comprar no Porto, se esta reabilitação é para trazer endinheirados de meia idade ou para fazer renascer a Baixa com os filhos daqueles que a tiveram de abandonar.
A par daquela "amostra" executada na Rua das Flores, prevejo que apenas no quarteirão de Carlos Alberto estarão mais alguns apartamentos disponíveis para concurso em 2008 ou 2009. É pouco, muito pouco para uma sociedade (SRU) que anda a batalhar nisto há meia dúzia de anos. Todos sabemos dos constrangimentos legais, e das burocracias nas expropriações dos proprietários que não têm posses ou não querem recuperar os seus imóveis, mas isso não chega para justificar tão pouca obra!
O Palácio das Cardosas vai ser mais um "filme": um hotel, escritórios e apartamentos de alto nível... para quem? Para jovens? Estou muito reticente. E também não estou a ver o BCP a investir 34 milhões de euros pelo quarteirão da antiga "Casa Forte", para depois vender apartamentos a preço de custo.
A juntar a isto, temos uma política que deixou de promover o crédito bonificado sem dar o respectivo benefício: uma política de arrendamento jovem adaptado à realidade das áreas metropolitanas. O Porta 65 tem tantos entraves e tantos factores eliminatórios que, a juntar às restrições do mercado, torna o difícil em impossível. E assim continuaremos numa sociedade do jovens de 25 e de 30 a viver dependentemente dos pais.
Por favor, acordem-me e digam-me que estou enganado!
Luís Alexandre Gomes