De: Rui Encarnação - "Mau perder vs mau saber"
Pedro Aroso:
Contas dessas nem parecem suas, pois dos seus posts transparece sempre uma seriedade e um rigor nas afirmações que agora não vejo.
1- O vereador da CDU já explicou a saída dele da Sala: para além de discordar do processo Rivoli, não vai votar o recebimento de uma verba decorrente de um contrato que não foi deliberado celebrar pelo mesmo executivo. Isto é: quando foi para contratar o acolhimento do Sr. La Feria a maioria não quis ouvir o executivo e a oposição; quando quer deliberar receber a contrapartida já quer o beneplácito daqueles que entendeu serem dispensáveis. Era como se numa sociedade de arquitectos um desses arquitectos não assinasse um projecto, pois os sócios fizeram-no à sua revelia, mas depois pedissem a sua assinatura na nota de honorários a enviar ao cliente! É que tentar cobrar nem sempre é bom, pois também há a responsabilidade pelo projecto e, desse, o arquitecto apartado nada sabe, nem foi ouvido.
2- O mesmo vereador da CDU disse também que, pelo número de espectadores anunciado na era La Feria, a receita previsível seria de 2,8 milhões de euros e não de uns modestitos 100 mil euros – citando esse autarca no Destak «Gostaria de saber como é que esta receita foi calculada; alguma coisa não bateu certo». Daí que fez muito bem em sair da sala, pois até eu sairia com semelhante discrepância.
3- Esqueceu-se de nas contas do recebimento abater os custos de manutenção do teatro durante o tempo La Feria, i.e, luz, segurança, bombeiros, água, manutenção, prestação de serviços ao Sr. La Feria por funcionários do Rivoli (estou a falar dos 7 ou 8 com que a CMP decidiu ficar apesar de agora os ter travestido de empregados de outras empresas municipais), obras, reparações, utilização de equipamentos, etc...
4- Esqueceu-se, também, de fazer incluir nas contas e contrapartidas da receita do Rivoli, os custos com a Porto Lazer, pois que o prejuízo que o Dr. Rio fala, e teima em falar, é aferido entre receita de bilheteira do Rivoli versus os custos da Culturporto que compreendem a animação da cidade que agora pertence à Porto Lazer. Peço-lhe que divulgue os resultados da Porto Lazer e os seus custos para podermos fazer uma comparação séria.
5- Esqueceu-se, também, de contabilizar os apoios e subsídios concedidos pela CMP ao Sr. La Feria, com outdoors e publicidade do site da CMP, com utilização gratuita da Praça D. João I, etc, bem como dos bilhetes que a CMP (e a JAMP) terão comprado ao Sr. La Feria, pois esses serão custos que possibilitaram a geração da receita.
6- Por último esqueceu-se de dois pequenos detalhes:
a) A deliberação é para tentar cobrar. Falta que o Sr. La Feria pague. E ele só paga se quiser pois a CMP já assumiu perante o Sr. La Feria factos que lhe permitem contestar judicialmente, e com grande probabilidade de êxito, a obrigação de pagar o que quer que seja à CMP – provados por escrito.
b) Se o sucesso da actividade de um teatro municipal resulta da receita que gera, então garanto-lhe que consigo bem mais do que o Sr. La Feria. Mas como não é, pedia-lhe que intercedesse junto da CMP para que esta divulgue quantas vezes nestes meses é que os cidadãos do Porto utilizaram o Rivoli e quantos espectáculos lá se realizaram no mesmo período de tempo. É só para se poder aferir da razão custos do equipamento / utilidade para quem os pagou – os munícipes -, e também para ficarmos a saber porque é que temos de apoiar financeiramente o Sr. La Feria que é, apenas, um comerciante a exercer o seu comércio e que pretende obter lucros.
Por isso, nem sempre o que parece mau perder o é. É mau saber!
Mau perder foi o nosso quando entregamos o nosso melhor Teatro Municipal a um senhor para ele usar e abusar dele para obter lucros, à nossa custa.