De: Luís Filipe Pereira - "Mercado do Bolhão - diferença"

Submetido por taf em Quinta, 2008-02-14 15:28

Não percebo nada de arquitectura, nem de recuperação de imóveis, classificados ou não. Mas também me parece que há alguns pontos nesta discussão que estão demasiados confusos, por uma série de motivos:

  • a) - As pessoas não sabem do que estão a falar
  • b) - As pessoas sabem muito bem do que estão a falar e os objectivos que pretendem atingir com a confusão que estão a criar

Vamos por partes.

Em primeiro lugar há que perceber que este assunto pode-se dividir, de forma resumida, em 2 partes:

  • 1 - A gestão e manutenção do Imóvel (Mercado do Bolhão)
  • 2 - O Projecto de Arquitectura do referido imóvel.

O projecto da TCN enquadra-se no ponto 1.
O projecto do Arq.º Massena enquadra-se no ponto 2.

Desta forma se percebe que os dois projectos não são comparáveis pois se referem a elementos diferentes (um à gestão e o outro ao imóvel propriamente dito). Naturalmente que estes pontos são interdependentes, uma vez que a gestão, operação e manutenção do mercado depende em larga medida das capacidades do imóvel (p.exemplo: se se pretende promover concertos é necessário que o projecto de arquitectura contemple essa situação).

Até ao momento, o que foi decidido foi aprovar a parte referente ao ponto 1 (gestão, operação e manutenção). Ou seja, a definição do que se pretende fazer com o imóvel em termos da sua utilização e de que forma se financia a reestruturação que é necessário efectuar. A fase seguinte será a de aprovar um projecto de arquitectura do imóvel. Naturalmente que esse projecto terá de estar em consonância e adaptado ao que está definido no projecto de utilização, gestão e manutenção, e deverá ser aprovado pelas autoridades competentes na matéria (IPPAR, etc.)

Relativamente ao projecto do Arq.º Massena, como referi acima, trata-se, apenas e só, de um projecto de arquitectura. Não se trata de um projecto de exploração do imóvel. Portanto a pergunta que fica (e no fundo a razão pela qual o projecto nunca foi concretizado) é: Quem paga o projecto do Arq.º Massena? Há algum promotor interessado em desenvolver esse projecto? Se calhar deveria ser isso que o Arq.º Massena se deveria preocupar em fazer, em vez da campanha de desinformação em que tanto se tem empenhado (b) com o interesse óbvio de que se realize o seu projecto e com isto o encaixe financeiro decorrente), em arranjar promotores/financiadores para o seu projecto. É que, doutra forma, o que o Arq.º Massena propõe é que se faça o seu Projecto de Arquitectura e depois a Câmara gere o espaço (escusado será dizer que a Câmara não tem vocação para gerir este tipo de equipamentos e há quem o faça bem melhor, senão veja-se os exemplos de Serralves, Casa da Música).

Este último ponto levanta uma questão de fundo importante e que deveria ser discutida abertamente, e não ser encoberta ao abrigo da defesa do património ou do alma portuense, etc, etc, etc (sendo que no fundo se trata de defender interesses directos), se deve a Câmara gerir directamente este tipo de equipamentos ou se deve dar espaço a outras entidades especialmente vocacionadas para esse efeito. (Mais uma vez refiro os exemplos de Serralves e da Casa da Música.) Acredito que esta questão não seja ideologicamente neutra, mas há que ser assumida e discutida abertamente e sem vergonha.

Cumprimentos,
Luis Filipe Pereira