De: Sneha Kumar - "Resposta ao Sr. Carlos Manta Oliveira"

Texto retirado do site do arquitecto Joaquim Massena:

"O Projecto de Reabilitação apresentado e aprovado por unanimidade pela Ex.ma Câmara do Porto, prevê:
-Mantém, o Mercado como símbolo do Comércio Tradicional;
-Mantém, as características funcionais de Praça Aberta com abrigos pontuais em cada espaço;
-Mantém, a galeria existente para o sector de restauração alimentar, apelativa e representativa da gastronomia da Região com esplanada coberta e do meio restante a galeria daria apoio a um sector de comércio livre, não alimentar, onde nas paredes envolventes seriam colocados os painéis alegóricos;
-Acrescenta a galeria intermédia (por razões estruturais e de estabilização das paredes periféricas), para espaços comerciais, não alimentares, representativos da Região;
-Mantém, o Terrado (Praça) com a mesma composição funcional, recuperando todo o edificado, para a venda de produtos alimentares sazonais na zona central e na lateral para produtos alimentares perecíveis com exigência de rede de frio;
-Acrescenta, as infra-estruturas que serão realizadas de novo, tanto para as lojas do interior como para as do exterior do Mercado;
-Recupera, no exterior as caixilharias serão colocadas com igual desenho e execução às originais, com as devidas correcções e adaptações às exigências funcionais do Comércio (iguais à aplicada na Relojoaria Mendonça, a qual cumpriu o Projecto de Reabilitação);
-Retira, todos os equipamentos das fachadas;
-Acrescenta, elevadores e escadas rolantes para uma cómoda mobilidade dos Visitantes e Comerciantes;
-Acrescenta, na galeria um painel pictórico alegórico às actividades; - agrícola, vinícola com especial referencia ao vinho do Porto, navegação e mercantilismo e à terciarização de uma forma geral;
-Acrescenta, a placa de identificação das respectivas actividades e de referência à loja;
-Acrescenta, em cave e subcave um parque de estacionamento para o visitantes e residentes e armazéns com câmara de frio para armazenamento dos produtos alimentares.

As patologias construtivas no edifício do Mercado do Bolhão foram também localizadas e caracterizadas nas fundações, bem como, definidos os procedimentos para a sua estabilização, que não passa pelo escoramento das lajes e da cobertura da galeria metálica mas, tão somente, a consolidação das fundações que se encontram assentes sobre aterros consolidados (realizados aquando da construção acerca de 90 anos)."

Se o Sr. Carlos Manta Oliveira tivesse lido esta memória descritiva e visto as imagens correspondentes no site do Arq. Joaquim Massena rapidamente se aperceberia das diferenças entre os dois projectos, não sendo para tal necessários conhecimentos nenhuns de arquitectura, apenas bom senso. Também se tivesse estado presente no debate organizado pelo Manifesto Cívico Contra a Demolição do Mercado do Bolhão teria tido acesso a uma apresentação de todo o projecto pelo próprio arquitecto.

O Sr. Carlos Manta Oliveira questionou porque é que não se fala em como a TramCrone diz que "manter o mercado aberto é fundamental" e que "vamos respeitar a herança histórica". Talvez porque o mercado aberto irá ocupar apenas 3% da área total. Talvez porque apenas uma promotora que nunca interveio na área de restauro e não terá a mínima sensibilidade para tal é que poderia pensar sequer em fazer um supermercado no Mercado do Bolhão.

Obviamente que a TramCrone não refere estes "pormenores", mas basta dizer que "vamos respeitar a herança histórica" que dá mais que garantias para alguns que eles é que vão fazer bem....uma empresa com esta reputação (péssima) e conhecedora do Património (nula). Quem somos nós, Portuenses, que nos queremos orgulhar da nossa cidade, manter os nossos símbolos para nos dar carácter e cultura e que habitamos e conhecemos tão bem as necessidades da nossa cidade para questionar??

É verdade, "está na hora dos cidadãos do Porto começarem a pensar pela cabeça deles, e não acreditarem em tudo o que lêem". Eu diria mais, ao menos que leiam tudo. Em Manifesto Bolhão têm boas respostas às vossas questões.

Sneha Kumar