De: Vitor Pereira - "A Alma não se vende!"
Desde pequeno que me dizem que no centro temos a Alma. O mesmo se passa com as cidades, é no seu coração que encontramos a sua Alma, a sua história, a sua cultura, ... O Porto não é diferente. É no seu coração que está a Av. dos Aliados, a Torre dos Clérigos, o Coliseu, o Rivoli, a Sé, a estação de S. Bento, e não poderia faltar o seu Bolhão.
Pois este Bolhão que tem andado nas bocas do meio povo, e não pelas melhores razões. Diz-se então que o edil da cidade pretende vender este símbolo do Porto, uma parte da sua Alma. Que pretende transformar um espaço de comércio aberto, num centro comercial (mais um!). Não fosse isto afronta suficiente, ainda quer deixar algum espaço para habitação. A desculpa é sempre a mesma, a de querer fazer renascer a Alma do nosso Porto.
Já por várias vezes referi Covent Garden, como exemplo de um futuro auspicioso para o nosso Bolhão. É claro que não faz sentido, para mim e nos dias que correm, um mercado simplesmente virado para o comércio tradicional. Sou da opinião de um Bolhão dado àqueles que usufruem da Baixa do Porto, um espaço de convívio e de comércio, um espaço disponível durante o dia e durante a noite, um espaço versátil e que se adapte às necessidades, um espaço que seja capaz de atrair os transeuntes. Um Bolhão com estas características seria capaz, penso eu, de atrair mais gente à sua envolvência, mais população à Baixa do Porto e mais "fregueses" ao comércio tradicional.
Assim proponho: um Bolhão virado para a Cultura, com animação cultural diversificada durante todo o ano; um Bolhão para o convívio e negócio, com cafés, salões de chá e restaurantes (não McDonald's ou outras lojas de fast food); um Bolhão para a diversão, com alguns bares que estando num espaço amplo dentro de 4 paredes não criam os incómodos que existem na Ribeira; um Bolhão tradicional, com pequenas lojas de comércio (floristas, ...); um Bolhão com um exterior mais moderno (em termos de lojas), aí sim com uma ou outra loja de fast food (sem luminosos), com cafés, com muito comércio; no fundo um Bolhão plural, actual, moderno e tradicional.
Vítor Pereira