De: Correia de Araújo - "Que não se mexa em nada..."

Submetido por taf em Quinta, 2008-01-24 12:01

Quando se rasga uma estrada ou se abre uma rua acontecem sempre valorizações (mais-valias) na envolvente. É assim desde que o tempo é tempo... e o mundo é mundo! O discurso dos "preocupados" do costume já está formatado: se o Metro vai valorizar as propriedades da Avenida da Boavista… então que não haja Metro!

Uma coisa é certa: passe ele por onde passar, vai, seguramente, valorizar toda a envolvente. Assim é, já hoje, e como aqui foi referido, nas freguesias rurais da Maia, Matosinhos ou Vila do Conde. Será assim, no futuro, venha ele a passar no Campo Alegre, em São Mamede de Infesta ou noutro lugar qualquer. Ademais, a Avenida da Boavista até me parece uma artéria suficientemente consolidada a ponto de não ser daquelas que mais se valorizará com uma eventual passagem do Metro.

Começa a ser complicado lidar com algum tipo de raciocínio, completamente redutor, que vê benefícios, valorizações e especulação imobiliária em tudo o que se faz… ou pretende fazer.
Abertura da Nun'Álvares? Cuidado! Perigo de especulação imobiliária!
Requalificação do Bolhão? Não pode! Vislumbram-se interesses imobiliários!
Metro na Boavista? Nem pensar! Risco de valorização dos terrenos da Avenida!
Ou seja: vão valorizar os terrenos para outro lado… mas aqui no Porto, NÃO!

Façam o Metro passar bem longe, valorizem o que tiver de ser valorizado, mas não por estas bandas. Enfim, às vezes dou por mim a pensar como bem gostaria de experimentar o papel de estar sempre contra… ser incondicionalmente do contra!... E então, questiono-me: serão mais felizes assim?

Nota: Quero confessar, aqui, e sob palavra de honra, que não tenho terrenos ou interesses na Nun'Álvares, na Avenida da Boavista ou no Bolhão.

Correia de Araújo

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Nota de TAF: Na minha modesta opinião, a suspeita dos eventuais "interesses escondidos" só se levanta porque os estudos em que as decisões se baseiam frequentemente não são públicos e, ainda por cima, as suas conclusões parecem ir contra todo o bom senso (veja-se a suposta maior procura do Metro via Boavista do que via Campo Alegre).