De: António Alves - "A Ota do Porto III"
Julgo que a questão do metro na Boavista tem uma explicação mais “política” que imobiliária. Senão vejamos:
- i) A avenida da Boavista é actualmente uma infra-estrutura viária degradada e caótica, nada digna duma grande avenida que se quer cosmopolita e de certo modo representativa da modernidade do Porto.
- ii) Se olharmos para cima reparamos que existem muitos escritórios devolutos. Os cartazes de vende-se ou aluga-se estão visíveis em grande quantidade afixados nas janelas. Isto significa que a Avenida da Boavista está a perder competitividade. Não consegue captar empresas para lá instalarem os seus escritórios. A Avenida da República em Gaia é hoje uma artéria muito mais dinâmica que a Boavista.
- iii) Reparar e redesenhar toda a via, da Rotunda até ao Castelo do Queijo, é obra para um preço elevadíssimo e a Câmara não tem meios para tal, ou então Rui Rio pretende usá-los noutros lugares ou objectivos.
- iv) Aqui surge o Metro. Se Rui Rio conseguir convencer o governo a permitir que metro circule Boavista acima, toda a obra, a título de inserção urbana, será paga pela Metro do Porto e não pela Câmara. Daí a razão na insistência da opção Boavista em prejuízo da opção Campo Alegre. Convém lembrar também que ainda estão por justificar as obras pagas pela Metro aquando da adaptação da parte final da Avenida da Boavista ao grand prix da seca do bacalhau.
Recuperar a Boavista é um objectivo meritório e urgente. Mas sacrificar uma zona da cidade – o Campo Alegre – com muito mais população (Foz, Pasteleira e Lordelo) e mais capacidade de gerar tráfego (Pólo Universitário) para o sistema, apenas em prol dos objectivos pessoais do senhor presidente, será um erro imperdoável.
Cabe-nos a nós exigir que nos mostrem os estudos que justifiquem tal opção. Estudos para ambas as alternativas. Não estudos feitos à moda do presidente da Câmara das Caldas.