De: Cristina Santos - "O elogio que Rui Rio fez a Sócrates"
Rui Rio não se queixa de Sócrates, porque pode bem com ele. Quando se sabe que é possível superiorizar a concorrência, há que elogiá-la, para que a ultrapassagem tenha maior impacto, ultrapassar algo que denunciamos como parado não tem mérito nenhum. Rui Rio tem potencial para defrontar José Sócrates, tem uma espécie de imagem pública que lhe permite a angariação de vários apoios e votos, e de facto Portugal precisa de abrandar nos investimentos a crédito, precisa de suster a vaidade, economizar.
Rui Rio pode não demonstrar grande fé na Regionalização, mas se for proposta por ele terá acatamento no interior do país. O que verifico nas conversas com os transmontanos e com os minhotos é que Rui Rio é para eles uma espécie de homem simples, prático e ditatorial. Esta imagem tem saída, quantas vezes ouvimos José Sócrates dizer que é um provinciano, Rui Rio é muito mais provinciano. E depois reparem, entre corridas de clássicos e jogging matinal, qual é que acham que os portugueses escolheriam?
Obviamente que Lisboa não votaria no Rui Rio, gostam dele, apreciam-lhe a política mas é longe, Rui Rio pode ser tão perigoso para o Sul como José Sócrates é para o Norte. Imagine-se agora que Rui Rio até chegava a Primeiro-Ministro e começava a cancelar o prolongamento das linhas de metro, aeroportos, e investia milhares nas vias de acesso ao interior, e coisas do género, deixando para trás todo o trabalho feito pelo seu antecessor? Lisboa não vota em Rui Rio, Menezes também não, e este é que nos está a correr mal, não é capaz de transpor os problemas do Norte para ao menos afligir o Governo, só se preocupa com a imagem e, pior, rejeita a sua condição de provinciano.