De: Paulo Espinha - "Quem não se sente, não é filho de boa gente..."

Submetido por taf em Quarta, 2008-01-09 14:19

Carissimos

Eis-nos em 2008.
Dizem-me agora que sou um perigoso atentado à saúde pública - sou fumador.
Dizem-me agora que mato crianças ao pequeno-almoço numa qualquer confeitaria da cidade.
Dizem-me agora que nicotino as paredes de um restaurante ao almoço.
Dizem-me agora que acabo com os pulmões de um qualquer empregado de mesa ao jantar.
Dizem-me ainda que, a partir de agora, ouvir blues ou jazz à ceia só se não sujar os instrumentos com as minhas baforadas de prazer.
Não me dizem que o monóxido de carbono mata.
Não me dizem que os Es matam e os trangénicos também.
Não me dizem que as televisões são uma merda e que matam as almas.
Não me dizem que o software de registo de multas rodoviárias tem a designação de “ambiente de produção”.
Não me dizem que os funcionários públicos e políticos, de facto, não pagam impostos e são os verdadeiros subsidiados deste país.
Não me dizem que devo aceitar a caridade em nome da preservação dos seus privilégios.
Não me dizem que o Pessoa já dizia que a nossa alta escol é uma boa provinciana merda.
Não me dizem que precisam do meu voto apenas em 2009.
Não me dizem que a ASAE e a 37/2007 são fait-divers para distrair a malta.
Dizem o que eu já sabia à nascença - que vou morrer e que até lá pago impostos e não posso fumar nem escarrar em lugares colectivos fechados. Mas posso fazê-lo no exterior. Nada como um bom passeio dos Aliados cheio de beatas e escarradelas.
Dizem-me que a lei é para cumprir.
Dizem-me que associações de similares aconselharam os seus associados a proibir o fumador.
Dizem-me que os associados até tinham vontade de gastar dinheiro em sistemas de ventilação, mas os pontos 5 e 6 do artigo 5º. da lei não deixam...

Assim:
1) não tenciono pagar qualquer multa a não ser que por um acaso se propicie uma tragédia greco-romana ou me apareçam à frente o noel, o joel e o citroen, mais o glória – aí vou-me divertir a gastar dinheiro;
2) faço questão absoluta de até ao fim dos meus dias convosco, fumar em minha casa e no meu gabinete de trabalho – quem o quiser fazer está convidado, ainda ofereço um balão de laphroaig curado em fumeiro de trufas em islay – boa recomendação de um amigo cá do burgo e poderemos conversar sobre tabaco;
3) faço questão de, em Portugal, fumar em qualquer espaço não fechado, seja cachimbo ou cigarro, cigarrilha ou charuto;
4) faço também assim questão de não importunar qualquer espécimen não fumador (em particular - trípticos, fogótonos, guanácos e flats), em especial se respirar pelo pescoço, mas vincar que eu fumo;
5) faço questão de morrer com o meu tabaco – inalando pela boca e expelindo pelo pescoço, ser cremado e assim produzir a última grande cachimbada desta minha breve encarnação - nesse momento sublime de exaltação ir-se-ão elevar aos céus dezenas de anos of 'pure e exquisite flavour * a true friend is like another me (borkum riff)'.

Logo, deste modo vos solicito contribuições para o “Mapa do Fumador”, onde podereis ajudar a mapear os locais proscritos.

QUE A MORTE NÃO SEJA O ÚNICO PARADIGMA DA VOSSA VIDA!

Um abraço 2008
Paulo Espinha