De: Emídio Gardé - "Porto, 1959.01.01"
Completam-se hoje 49 anos da inauguração do sistema de troleicarros do Porto. Eram apenas duas as carreiras: a 33, que ligava a Pç. Almeida Garrett a Coimbrões pelo tabuleiro superior da ponte D. Luiz I, e a 35, que ligava a mesma Pç. Almeida Garrett a Lordelo do Ouro, servindo esta de linha de serviço para a Estação de Recolha, então localizada na Carcereira.
Face por um lado ao sucesso de tal veículo, e por outro ao facto de haver a intenção por parte do STCP em ir eliminando as linhas de carros eléctricos, entre 17 de Maio de 1970 e 13 de Dezembro de 1976 a rede atinge o seu máximo de expansão, com 126 troleicarros a circular em 11 carreiras. E o Sr. Presidente da República inaugura, com pompa e circunstância em 26 de Outubro de 1968, a Estação de Recolha da Areosa, especificamente destinada aos troleicarros. A partir daí é o declínio, que termina em 27 de Dezembro de 1997, quando recolhe à Areosa o último Caetano/Efacec; na época havia apenas uma linha, a 49.
À época a substituição do carro eléctrico pelo troleicarro significou uma grande evolução: sem estarem presos aos carris, os troleicarros mantinham a electricidade como fonte de energia, mas eram muito mais hábeis, flexíveis, rápidos, silenciosos... e económicos. Mas a 'ditadura do petróleo' impôs-se e, apesar da crescente ameaça provocada pelo inexorável aumento da poluição atmosférica criada pela queima de combustíveis fósseis, os troleicarros foram substituídos pelos autocarros 'bebedores' de diesel.
Hoje temos o Metro: eléctrico, mas confinado aos carris. Aparentemente será a 'solução mágica' para os transportes do Grande Porto. Mas não seria agora uma boa altura para alargar os horizontes?
Anexo duas fotos: uma não no dia da inauguração mas certamente muito perto disso e outra o troleicarro BUT n.º 1 silenciosamente guardado para um futuro (?) Museu do Troleicarro.