De: Rui Encarnação - "Policiamentos e criminalidades"

Submetido por taf em Terça, 2007-12-18 15:38

O F.Rocha Antunes e a Cristina estão carregados de razão. Apesar de não morar na Baixa, trabalho nela desde 92 e, a verdade, é que quer de dia, quer principalmente à noite, a PSP não existe, ou pelo menos não se vê, com excepção da época de Natal, pelo menos há uns anos era assim, quando o Corpo de Intervenção policiava a Baixa. O policiamento de presença e visibilidade é um dos factores mais importantes na prevenção da criminalidade e, também, na transmissão de um sentimento de segurança que permite às pessoas circularem nas ruas, especialmente a pé. E onde há muita gente, fora os carteiristas, a criminalidade do roubo, furto e afins foge e procura zonas mais desertas e sossegadas.

Para quem conhece a PSP, é injusto falar-se em inacção e imobilismo, pois nos últimos 20 anos não só evoluiu significativamente na qualidade e instrução dos agentes, como nos métodos e acções desenvolvidas. Cá no burgo, foram desenvolvidas acções de proximidade com comerciantes e idosos e, para além disso, existe um projecto chamado escola segura que poderá deixar raízes no futuro. Agora, quem visitar as esquadras e falar com os polícias vai ficar a saber que os meios para desenvolver mais acções de proximidade e visibilidade são poucos ou nenhuns. E contra esse facto não há argumentos.

É que, ao contrário do que se vem apregoando, a principal responsabilidade no fraco policiamento e prevenção criminal é dos políticos que têm estado no poder, local e nacional. Basta ouvir o que os sindicatos da PSP e PJ vêm dizendo nos últimos anos para concluir que se não há melhor policiamento e mais prevenção criminal é pela permanente inacção dos nossos caros políticos, pois nem dotam a Polícia das directivas e meios para tanto, nem desenvolvem políticas sociais, coerentes, estruturadas e com desenvolvimento no tempo para alterar o panorama actual.

Mas porque raio é que não se pode fazer no Porto um pacto de regime para a política, dita, social, para os bairros sociais e para as franjas da população que acabam por ficar associadas à criminalidade? É porque não dá votos, nem se pode apregoar vitórias para os partidos?

Culpa, também a há na sociedade, dita, civil, pois convivemos pacificamente com tudo isto há décadas e, desde que tudo aconteça na casa que fica na rua que fica longe da nossa casa, não mexemos uma palha e continuamos a eleger os mesmos políticos, as mesmas políticas e a sustentar a mesma partidocracia que se diverte, vive e sobrevive de olhar para o seu próprio umbigo e de se auto-alimentar.