De: Manuel Leitão - "Isto anda tudo ligado..."
Na “ressaca” dos 11 anos do Património Mundial e da jornada de cidadania que se viveu (estando ainda em “digestão” o que foi melhor e pior dessa iniciativa), venho referir dois casos que, embora podendo ser considerados menores, acabam por vir dar ao tema, porque, afinal, como já alguém dizia, “isto anda tudo ligado”.
Um dia destes, depois de mais cinquenta minutos de espera até aparecer o eléctrico na Cordoaria em direcção aos Guindais, lá me enfiei nele, escapando à chuva miudinha que então caía. Como se o atraso já fosse pouco, no Passeio das Cardosas lá houve nova espera, dessa vez porque o condutor de um autocarro da inefável STCP decidiu estacionar, com os “piscas” ligados, uns bons dez metros atrás da sua própria paragem e da do eléctrico, para acabar o seu serviço e passá-lo a um colega. O guarda-freio bem se fartou de accionar o pedal de sinalização sonora, sem qualquer resultado, durante o que calculei terem sido pelo menos mais cinco minutos. Entretanto, um turista espanhol acercou-se do eléctrico perguntando se nele se chegava ao rio ao que o guarda-freio respondeu que não. Antes que eu tivesse tido possibilidade de intervir, o espanhol afastou-se rapidamente para escapar à chuva. Claro, que aquele é que era o meio de chegar junto do rio porque o eléctrico enlaça com o elevador dos Guindais (coisa de que, pelos vistos, o funcionário do eléctrico não se lembrou, talvez porque nunca a sua empresa lho tenha explicado). Duas passageiras, também espanholas, “aproveitaram” para, dada a demora, desistirem do resto da viagem e saíram ali mesmo. Afinal, nem para os tão badalados turistas o eléctrico cumpre minimamente a sua função. Já que a administração da STCP não se dá por achada relativamente às críticas e sugestões que aqui e noutros meios de comunicação lhe têm sido dirigidas, apelo ao dr. Rui Moreira da ACP, para que, na qualidade de presidente da mesa da assembleia geral da empresa e pessoa que tem claramente afirmado o seu apego ao progresso da cidade, tente fazer aquela gente perceber que deve agir para optimizar o uso do eléctrico. Um aspecto que não pode ser descurado é o do estacionamento abusivo sobre os carris do eléctrico. Para tal, seria necessário uma permanente atenção da Polícia (Municipal ?) e bastariam quatro ou cinco dos seus agentes estrategicamente colocados nos “cantos” do percurso para visualizarem qualquer situação desse tipo e de imediato actuarem. Como é óbvio, esta atenção não obrigaria esses agentes a deixarem de prestar o seu serviço normal de “giro”, sendo apenas uma das suas diferentes tarefas.
Entretanto, para não falar de cor, fui dar uma volta na roda “gigante” instalada junto à Cadeia da Relação. Logo percebi que iria ter uma desilusão porque a altura máxima que a roda atinge é inferior à da fachada da própria Cadeia. Assim, no ponto mais alto da “viagem”, que fica mais ou menos à quota do meio da Torre dos Clérigos, foi-me possível ver a copa das árvores da Cordoaria (algumas mais altas que a própria roda), meia torre da Câmara, meia “maior árvore de Natal da minha terra”, uma nesga do rio Douro e… mais nada! Se fosse a pagar seria caso para chamar a polícia… Não percebo, pois, que comparação é possível ter aqui sido feita com o “London Eye”, estrutura turística que não está encostada a nenhum monumento nacional, com dimensões comparativas que, na melhor das hipóteses, deveriam fazer apodar de anã a roda “gigante” da Cordoaria. Mas, que havemos de fazer? O voluntarismo continua a ter muita força…
Boas festas!